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quinta-feira, 31 de março de 2022

Revolução

como engrenagens de uma máquina 

o cérebro não para de funcionar 

maravilhando-se com o mundo

não cessa seu questionar 


shh! não questione, apenas aceite 

tentam nos calar

tentam nos limitar 

tentam nos tornar apenas enfeite 


cada conhecimento surge de uma ignorância 

duvidar é preciso 

não sejamos reféns apenas do que vemos e ouvimos 

shh! não questione, chega de implicância 


a mente deve ser tal como uma moradia 

com seu alicerce firme e luz para enxergar 

mas deve-se lembrar que sempre se pode pintar as paredes 

mudar os móveis de lugar e recomeçar 

há sempre mais a ser descoberto e estudado 

há sempre espaço para mudar e recriar 

shh! não questione, deixe de ousadia 


desafie o senso comum

que paralisa e escurece a vista 

a busca e a experiência tiram a mente do jejum

e findam a visão de mundo minimalista 


shh! não questio- Duvidar é preciso! 


Mariana Medeiros Polizelli

1° semestre de Direito Matutino 

Um embate clássico (ou moderno?)

Com a Idade Moderna, chega também a ânsia por conhecimento. Diferente de outras épocas, onde a busca pelo entendimento das coisas se dava única e absolutamente pelas indagações da natureza e pela observação, a crença no abstrato e nos poderes divinos. A modernidade traz o desejo de se deixar a rusticidade do pensamento e adentrar no mecanicismo dos métodos. Superar a subjetividade e alcançar o mais alto nível da racionalidade. As ciências nasciam e, junto delas, a dúvida.

Dois embates racionais foram traçados, Francis Bacon e René Descartes abrem a discussão que permeia toda uma época, e que vestígios são observados até o momento atual. Bacon, o pai da ciência moderna, empirista, desenrola sua teoria em meio a constatação de que tudo que havia de certo até ali, não passava de mera sorte e acaso. Portanto, fazia-se necessário superar os frutos do intelecto humano de sua contemporaneidade. Para ele, nem mesmo o ser podia ser considerado uma constatação de valor, aí vemos a sua primeira discrepância com Descartes, que acreditava que o ser era a única certeza que se podia ter. 

Bacon fundamenta sua teoria na indução, e aproxima-se de Platão ao dizer que o homem possui amarras que o distanciam da verdade. O homem e a sociedade também podem ser amarras em si. Seu método, portanto, carrega a necessidade de não apenas interpretar, mas de se mecanizar a interpretação, fazendo uso de instrumentos que auxiliem a indução. Acredita que, sem esses instrumentos, o intelecto nada pode alcançar com certeza. Propõe então, dois caminhos: a antecipação e a interpretação da natureza; a antecipação, dotada dos preceitos, o mais comum e passível de influência dos ídolos, formulados por Bacon, como obstáculos da mente; e a interpretação, o método que sugere uma observação, organização e hipóteses oriundas da natureza. O intelecto humano é como um dado viciado, só apresenta os resultados que lhe são mais apropriados, e para Bacon, é necessário a análise de dados bons e ruins, sem influência externa, sendo os dados perniciosos ainda mais úteis. 

Para Descartes, sobretudo, a mente é soberana. A razão é dotada do mais alto nível de conhecimento possível a ser alcançado. Começa então a busca pela verdade, num método seguido por ele, por meio da desconfiança das certezas absolutas e da realidade. Admite que, um dos primeiros passos, foi declarar-se ignorante, mesmo em meio a todos os ofícios e artes. Isso nos lembra alguém, não? Para fácil entendimento, Descartes lança o famoso “só sei que nada sei” de seu antepassado Sócrates, indiretamente. 

Descartes aprendeu e estudou os mais diversos estudos eruditos, em busca do mais alto nível de entendimento de seu espírito, no entanto, deparou-se com a noção de que mesmo estando no século da iluminação, os letrados não muito se diferenciam daqueles que quase nada sabem. Conheceu tudo que podia, a fim de poder diferenciar o que pudesse ser fantasioso. 

Empreende então um caminho a procura do verdadeiro conhecimento que pudesse sustentar o seu método, dedicava-se aos passos:

  1.  Não aceitar nada como verdade, duvidar de tudo aquilo que fosse conhecido anteriormente e não apresentasse princípios minimamente reais;

  2.  Dividir as descobertas em partes, a fim de examiná-las minuciosamente uma por uma;

  3.  Começar a análise dos mais simples aos mais complexos;

  4.  Por fim, finalizar a metodologia e registrá-las, para que tudo estivesse muito bem passível de entendimento.

A primeira verdade de sua filosofia racional passa a ser “penso, logo existo” , a existência de seu ser e sua consciência eram incontestáveis, e que sua função era a racionalidade. Para ele, a razão não sugere veracidade de tudo que se conhece, mas configura um fundamento inicial de que aquilo exista. Assim, Descartes também admite a existência de um Deus. 

Esse embate se estende também a uma área curiosa, a Psicologia; uma de suas abordagens pretendia unir o melhor dos dois mundo: o método e a experiência. O behaviorismo de Watson, Skinner e, mais antigamente, Pavlov, buscava ser uma ciência experimental, mas que não se prendia aos mecanicismos. Estabelecendo métodos de previsão e controle de comportamentos, também não deixava seu lado empírico, muito conhecido através de experimentos, como o do cão com a sineta de Pavlov e os ratinhos de Skinner. A busca pelo cientificismo na Psicologia, para evitar a eterna prisão de ser uma ciência introspectiva e pouco palpável, gerou a Análise do Comportamento, muito utilizada por psicólogos do mundo todo.

Graças aos nossos antepassados filósofos, Descartes e Bacon, que se empreenderam em trilhar seus caminhos na dualidade entre método e experiência, acabaram por criar alicerces para todas as ciências, desde as exatas às naturais.



Ana Beatriz Cordeiro Santos - 1º ano de Direito (noturno).


A construção de uma nova Ciência


 É preciso construir e reinventar a ciência, ter como incerto tudo aquilo que os sentimentos nos trazem, buscar por meio da experiencia a clareza do conhecimento, nos libertarmos daquilo que antes, nos traziam uma falsa sensação de conforto, de sabedoria, a sabedoria advinda da ilusão, dos ídolos. 


É preciso não se contentar apenas com belas palavras, que apesar de belas e encantadoras, não trazem consigo benefício algum para a humanidade, é preciso romper com tal ideia, é preciso trazer algo novo, conhecimentos baseados em experiencia. 


É preciso superar tudo aquilo que antes nos serviam de base para conhecermos o mundo; histórias místicas, deuses, magia, religião. É preciso se sentir encorajado a quebrar esses dogmas, ir em busca de uma ciência palpável, ir em busca de um método claro e eficaz de se construir uma ciência. 


É preciso que haja um rompimento com o clássico, o não proveitoso, o especulativo. 


É preciso que haja construção de questionamento e duvida em tudo aquilo que não houver completa certeza, trabalhar com os pequenos, médios e grandes questionamentos. É preciso que cada vez mais, nos desprendamos de nossas próprias cavernas, saiamos de nossas tribos, ignoremos as superstições. 


É preciso que, em uma nova era da ciência, a certeza, a experiencia em conjunto com o racional, possa trazer bons frutos para a humanidade, para que um caminho claro e seguro possa ser trilhado, uma ciência bem menos especulativa e certa de seus feitos. 


Maria Rita Gomes

1º Ano Direito/noturno

Vivenciar ou Pensar?

  

    Vivenciar ou pensar? O célebre filósofo René Descartes não hesitaria, nem por um segundo, responder a segunda opção. Para ele, a mente deveria seguir o famoso "Método Cartesiano": a dúvida como processo fundamental, começar da situação menos complexa, estabelecer um processo lento, não afirmar como verdadeiro aquilo que não o conhecesse claramente. Enquanto isso, o grandioso pensador Francis Bacon responderia, prontamente, a primeira opção. Segundo Bacon, a experiência deve comandar a nossa vida e a mente deve guiar-se por si mesma. E vocês? O que escolheriam?
    O filme "O ponto de Mutação" traz ponderações extremamente válidas em nossa sociedade atual. Se, em algum período, o Método Cartesiano foi deveras celebrado, atualmente, ele traz prejuízos em diversos aspectos: em relação ao meio ambiente, à mecanização do homem, à busca pelo racional, ao descaso com a experiência, etc. O contexto da sociedade capitalista contribui para tais prejuízos uma vez que, por exemplo, um empresário desmata florestas para expandir seu negócio, mesmo sabendo que, comprovado empiricamente, o ato trará danos futuros para toda a população.
    No exemplo anterior, na concepção de Bacon, o empresário não estaria servindo ao bem-estar do homem, por isso, também, que seria um ato desastroso e falho. Enquanto, para Descartes, o indivíduo teria racionalizado um crescimento econômico, colocando-o em prática. 
    Dessa maneira, fica evidente que a ciência deve ter dois lados a serem considerados: aquele que prioriza a experiência e o bem-estar do homem e aquele que prioriza a racionalidade e o ato de pensar. Assim, é necessário encontrar um meio termo entre esses a fim de almejar uma ciência próspera. 
     
Laura Picazio - 1º semestre - matutino
    
    

Um novo método científico para uma sociedade de novos valores - Mirella B Vechiato

 Mirella Bernardi Vechiato, Direito 1º ano Matutino 

Um novo método científico para uma sociedade de novos valores

  Historicamente pensando, a filosofia clássica nasce na Grécia Antiga e desenvolve-se ao longo de décadas. Essa filosofia caracteriza-se por se bastar, isto é, vale por si só e não assume compromissos de intervir no mundo. Na modernidade, com a burguesia ascendendo, surgiu a necessidade de uma ciência que fosse mais do que especulações, buscava-se uma ciência que tivesse funções práticas, que fosse racional e experimental. É nesse contexto que se destaca o pensamento de Descartes e Francis Bacon, filósofos que propuseram a criação de um novo método científico para essa nova sociedade que emergia.

  De início, ressalta-se as proposições de Descartes para a importância do caráter racional que a ciência moderna deve adotar. Primeiro, valoriza-se a racionalidade do homem e a capacidade por ela dada para ele julgar de forma correta e discernir o que é verdadeiro e o que é falso. Ademais, é por meio desse exercício que o homem passa a questionar aquilo que lhe entregam por verdadeiro e, por meio dessa desconfiança, ele traça novos caminhos para alcançar tais máximas. Portanto, para René Descartes, o homem deve ter como ponto de partida desse novo método científica as dúvidas, a fim de sustentar as verdades na razão e não nos sentidos.

  Junto disso, tem-se as proposições de Francis Bacon. Ao contrário de Descartes que supervalorizou a razão, para Bacon a observação devia ser uma das bases da ciência moderna. Em outras palavras, a ciência não pode ser um mero exercício da mente, e esta não pode guiar-se por si, é importante que a ciência moderna, para alcançar seu objetivo de uso prático, tenha mais contato com o mundo material. É nesse sentido que se entende a importância da experiência como interpretação da natureza para fuga do senso comum. Assim, o pensador entende que essa nova ciência é a cura e libertação da mente humana de seus ídolos, visto que ela trabalharia na observação dos fenômenos que até então só eram aceitos como verdade pelo senso comum, em vista de se familiarizarem com a mente humana.

   Dessa forma, entende-se as proposições que formularam a nova metodologia científica moderna: a racionalidade somada a observação. Então, entende-se que nessa ciência tudo aquilo que não tem explicação racional também não possui legitimidade no conhecimento, como maneira de, então, superar superstições. Além disso, ressalta-se que as percepções de mundo do homem são facilmente guiadas por idolatrias que devem ser postas em experimentações e observações, no intuito de criar uma ciência útil, a qual além de explicar a natureza também passe a domina-la. Por fim, conclui-se que essa nova metodologia proposta visava concretizar a ideia de ciência como um elemento voltado para o bem estar do homem e, por isso, deve ter sua função prática e concreta, não somente verbal.

 


Mudança no pensamento científico

 O modo de produzir conhecimentos científicos foi profundamente debatido durante grande parte da história da humanidade, principalmente no mundo moderno. A partir disso, métodos científicos foram criados e um dos primeiros e mais ilustres foi o de René Descartes no século XII, que também teve forte influência do filósofo Francis Bacon. 


Os feitos de Descartes revelam uma grande mudança na ciência e no pensamento humano, estabelecendo a visão mecanizada da realidade e a divisão das áreas do saber. Ele também defendia que para um conhecimento ser considerado verdadeiro, este deveria ser assegurado por bases racionais e infalíveis, não empíricas - que se fundem geralmente em experimentações, sentimentos e sensações. Já Bacon, com seu olhar empirista, acreditava que apenas a união entre a racionalidade e a experimentação seria capaz de originar o verdadeiro conhecimento.


A longa metragem de 1990 “Ponto de Mutação” mostra uma perspectiva interessante sobre esses métodos que continuam sendo muito utilizados atualmente, onde as problemáticas da divisão do saber e da mecanização da ciência sao largamente explicitados. Entretanto, não se pode esquecer de mencionar que sem os métodos científicos racionalistas, provavelmente, alguns avanços nas ciências poderiam ter sido dificultados ou impedidos, devido à contemplação que era utilizada de forma exclusiva para a construção de um conhecimento. 


Portanto, é necessário evidenciar que ambos filósofos realizaram grandes trabalhos revolucionários, que ainda são utilizadas frequentemente no mundo contemporâneo. Estes foram essenciais para que ocorresse uma mudança significativa na sociedade.


Giovanna Cayres Ramos - Direito noturno 



quarta-feira, 30 de março de 2022

Ciência e sua eterna submissão.




Desde as mais remotas eras, o ser humano busca a verdade como um anseio que precisa ser preenchido com fim de, quem a procura, tenha a possibilidade de se firmar e realizar em suas mais variadas amplitudes do ser. Dentre os meios que os homens desenvolveram para desembocarem nessa realização tão desejada, está a ciência, um dos mais importantes métodos existentes. Através dela, diversos grupos da humanidade correm para descobrir a realidade e como chegar a ela. Entretanto, pelo seu caráter essencialmente aperfeiçoador, a área científica vive em constantes testes para enxergar.
Ludwig Von Mises, economista e filósofo do século XX, afirmou que " a Ciência não nos dá certeza final e absoluta, apenas nos dá convicção dentro dos limites de nossa capacidade mental e do prevalecente estado de conhecimento científico. Um sistema científico não é senão um estágio na permanente busca de conhecimento. É necessariamente afetado pela insuficiência inerente a todo esforço humano". Nesse sendo, a ênfase para o âmago não dogmático da ciência deve ser enfatizado, especialmente em tempos tão sombrios como os atuais, em que há proclamação da mesma como uma religião.  A ciência, seja em que área estiver, deve ser sujeita ao exercício contínuo da reflexão e subjugada à várias maneiras  possíveis para o encontro do estado mais agradável ao homem e seu entorno.
Sim, ela é de extrema importância e deve, com toda certeza, ser levada em forte consideração, todavia - isso desde seu advento, nos primórdios do mundo - ela só será confiável se conseguir mantiver sua essência: eternamente acorrentada na busca do real, onde, quando e o que for. 

Fulcro da obscuridade hodierna

Ainda na Antiguidade Clássica, o exercício científico possuía funções contemplativas, sem muita contribuição no âmbito prático da vida humana. Nesse sentido, René Descartes e Francis Bacon, dois pilares importantes no que diz respeito à construção da Ciência Moderna, a fim de estruturar um saber capaz de transformar a realidade concreta e, ademais, insatisfeitos com a inutilidade das especulações da filosofia tradicional, propuseram meios pautados na racionalidade para alcançar o conhecimento verdadeiro.

Nessa conjuntura, René Descartes, visando romper com tal inoperância dos clássicos e superar as formas supersticiosas - e vigentes, até então - de conhecer o mundo, articulou um método alicerçado pelo ato de duvidar. Dessa forma, como presente em sua obra, o autor acreditava que, ao duvidar metodicamente de tudo, em um momento encontraria um saber incontestável, e esse seria verdadeiro. Assim, chegou a uma nova conclusão: a existência do homem é certificada pela atividade de pensar, ou seja, o corpo não se faz necessário para tal garantia e então, por isso, “Penso, logo existo”.

Outrossim, Francis Bacon e Descartes, embora tenham objetivos equivalentes, divergem em relação ao papel dos sentidos. Nesse viés, Bacon, em sua produção “Novo Órgão”, reflete acerca da futilidade do movimento da mente humana sem um direcionamento – acredita que tal exercício proporciona apenas meros pensamentos mágicos carregados de senso comum. Portando, para ele, um guia faz-se necessário: a observação. Desse modo, somente o elo entre racionalidade e experiência teria capacidade de gerar conhecimento verdadeiro – diferentemente de René, que considera os sentidos fonte de enganos.

Dessarte, a tão prezada utilidade prática da ciência para ambos os filósofos deve-se, sobretudo, à ascensão da classe burguesa e a necessidade de instrumentos e mecanismos promovedores dos avanços almejados por tal grupo -clamavam por uma ciência emancipatória que melhoraria as condições da vida humana. Enfim, a contemporaneidade é, na verdade, a consolidação desses projetos científicos e, ao vivenciar eventos desumanos permeados por ferramentas destrutivas, retrata, notada e infortunadamente, o lado obscuro proporcionado pela Ciência Moderna.

terça-feira, 29 de março de 2022

Racionalismo Predatório

   Sejamos  todos cartesianos, crentes de que uma verdade só pode ser constatada através de um método científico, para que todas as dúvidas existenciais sejam sanadas e que a relativização do mundo possa ser colocada  como algo superado. Acreditemos que  as relações interpessoais possam ser entendidas sem ambiguidade das partes, fazendo com que suas resoluções sejam cabíveis de serem únicas e conclusivas. Entendamos o mundo como uma máquina que obedece a racionalidade em todos seus vínculos e que não abre exceção para  sentimentos e sensações. Procuremos sempre o ganho e a maior produção de conhecimento útil, fazendo com que as peculiaridades de todos objetos de estudo sejam desvendadas pelo cientista, através do incansável consumo de matérias disponíveis em nosso planeta, sejamos capazes de construir as mais refinadas tecnologias e maior concentração de polos de desenvolvimento.

    Sejamos parados pelo meio ambiente. Sejamos miseráveis pela falta de bens disponíveis a nós. Sejamos, assim, extintos. A relativização daquilo não tangível será inconcebível e irreparável e  Francis Bacon já entendia a necessidade da procura do bem- estar do homem como ponto de partida para o conhecimento científico, entendendo que a predação entre os humanos e a criação de ídolos seriam apenas impasses para o conhecimento útil.  Sendo assim, tendo-se como exemplo o filme ´´O Ponto de Mutação´´, percebe-se durante a longa conversa entre os personagens  que René Descartes,  apesar de conseguir passar um método funcional de conhecimento, cria um modelo insustentável, que despreza os ideais que possibilitam a sociedade ser um meio funcional de desenvolvimento pessoal, fazendo com que seu pensamento seja fadado ao exagero de partes. Dessa forma, quando Francis Bacon discorre sobre ainda haver aquilo que deve ser descoberto, há a abertura de precedente para a preservação e o entendimento de que ainda podemos fazer mais, seja qualquer momento estivermos de desenvolvimento.
  Maria Julia Pascoal da Silva 
   Direito matutino- turma 39
 

A Revolução Racional

 Para Descartes, o conhecimento deveria ser baseado nas ideias inatas, ou seja, para o conhecimento ser dado como verdadeiro, este precisaria de ser sustentado por fontes racionais e não em fontes empíricas, baseadas na experiência e no conhecimento sensorial. Esta ideia revolucionou o mundo e o modificou de maneira irreversível, tanto para o lado bom quanto para o lado ruim. 
 Esta maneira de pensar foi contra tudo oque estava estabelecido naquela época, o pensamento escolástico, baseado fortemente nos filósofos gregos, sofreu um grande golpe, as criticas foram contundentes à falta de objetividade presente nessa vertente de pensamento onde, segundo Bacon, “Os gregos, com efeito, possuem o que é próprio das crianças: estão sempre prontos para tagarelar, mas são incapazes de gerar, pois, a sua sabedoria é farta em palavras, mas estéril de obras", com isso, notando esta necessidade de resultado físico e de produção, podemos observar como esse ideal filosófico foi um dos principais propulsores da sociedade capitalista.
  Entretanto, é notável que, este modo de pensar, fechou e abriu novas lacunas na sociedade, o racionalismo foi importante para fomentar a ciência e o pensamento crítico, incentivando a dúvida e a busca de uma verdade sem contradição, em critica a igreja da época e aos pensamentos baseados totalmente nos sentidos, contudo, essa racionalização torna-se muitas vezes infértil no âmbito criativo, tornando a ação do homem mecanizada, anulando um parte da alma humana, um filme que denota esta ideia é o célebre Equilibrium, este filme se passa em um universo distópico onde, após uma guerra mundial, o mundo é controlado por um regime autoritário que impõe que a população tome uma droga chamada Prozium que adormece as emoções, criando assim um sociedade supostamente ''perfeita'', o protagonista, em um espasmo de sanidade e não racionalidade, para de tomar o remédio e reencontra-se com a sua humanidade, pouco a pouco ele começa a notar os pequenos detalhes da vida, passando por um processo iniciático, do qual lembra o memorável diálogo de matrix, onde Neo pergunta à Morpheu " Por que meus olhos doem?" e é respondido por: " porque você nunca os usou antes". 
 Por fim, é necessário notar como o racionalismo foi importante para a modificação da sociedade, fazendo um contraponto contra os ideais dogmáticos, tornando, assim, a sociedade mais aberta ao diálogo e a crítica, porém, em consonância, esta filosofia, muitas vezes, anula a alma do homem, o tornando um ser mecanizado, parafraseando Ricardo Reis, um dos principais heterônimos de Fernando pessoa: "Deixemos, Lídia, a ciência que não põe

Mais flores do que Flora pelos campos,

 Nem dá de Apolo ao carro

 Outro curso que Apolo.

Contemplação estéril e longínqua

Das coisas próximas, deixemos que ela

 Olhe até não ver nada

 Com seus cansados olhos."




NOME: Kaike de Sousa da Silva

TURMA: Direito Noturno - Primeiro Ano  

Século do extremismo político: o esquecimento das ideias de Bacon e Descartes

 

Século do extremismo político: o abandono das idéias de Bacon e Descartes 

TEMA: O extremismo político como fruto do esquecimento dos ensinamentos de Descartes e Bacon

Durante o século XXI, observou-se um aumento nas manifestações de cunho político tanto em ambientes virtuais como nas ruas, sendo essas manifestações divididas em dois grupos: um deles de carácter emancipatório e o outro de carácter opressivo. Entretanto, venho por meio desta análise dar ênfase apenas no extremismo presente nestas manifestações e a explicação para este fenômeno social através das teorias da construção do conhecimento científico apresentado por Francis Bacon e René Descartes.

O extremismo político presente em manifestações sociais e o indivíduo inserido nesse contexto possuem como característica marcante de seu perfil a convicção de que o conhecimento político, econômico e social obtido pelo grupo ou pelo indivíduo se define como a verdade absoluta, automaticamente o impedindo de receber críticas e posicionamentos opostos ao o que se encontra em discussão. Outro ponto referente ao perfil destes indivíduos e deste tipo de comportamento, se resume a sustentação das ideologias em questão em ídolos políticos de maneira quase religiosa, geralmente possuindo alguma influência de fato da religião na maneira como os preceitos ideológicos daquele grupo são escolhidos e na maneira como aquele ídolo político é visto pelo grupo ou indivíduo. 

 Em uma primeira análise, a partir da ótica de Descartes, destaco como o esquecimento ou a opção por ignorar o conceito de que o questionamento constante daquilo que consideramos verdade é um passo importante na busca pelo conhecimento verdadeiro, é a principal engrenagem na máquina do funcionamento do extremismo. Considerando também a intensa presença das sensações, característica humana considerada por Descartes como agente responsável pelo desvio do caminho do conhecimento verdadeiro e que deve ser abandonada pelo ser humano no processo de busca da verdade, no processo de obtenção do conhecimento quando se é permitido o lado não racional do ser humano e a falta de clareza interferirem nas decisões racionais.

Agora, a partir da ótica de Bacon, é de extrema importância salientar como a presença de ídolos nesse tipo de comportamento mostra a falta de clareza do grupo ou do indivíduo, pois, para Bacon, a presença de ídolos demonstra uma distorção da realidade por parte de seus seguidores, tendo a interferência das paixões e dos sentimentos como a responsável por essa distorção. Para Bacon, os sentidos não possuem competência para nos ajudar a distinguir o falso do real quando se trata da realidade, o que pode interferir na experiência empírica da formação do conhecimento.

 Nome: Pedro Henrique Cleis de Oliveira

Turma: Direito Matutino - 1° Ano 

           

 

 

Qual a melhor escolha: Bacon ou Descartes?



 

segunda-feira, 28 de março de 2022

A divisão cartesiana do conhecimento, de fato a melhor forma de construção da ciência?


A forma de se fazer ciência e de construção do conhecimento foi algo amplamente debatido ao longo da história humana. Dois dos mais ilustres métodos científicos propostos foram os de Rene Descartes e Francis Bacon, ambos tinham como preceito uma quebra com filosofia tradicional e a utilização do saber para fins práticos, o primeiro ignorando a participação dos sentidos, já o segundo acreditava que os sentidos auxiliariam no saber. Apesar de ambos métodos serem muito utilizados no mundo moderno são passiveis de críticas, uma delas é feita no filme Ponto de Mutação no qual é evidenciado os problemas da divisão e da mecanização extrema do conhecimento.

É evidente a importância da metodologia para o fazer científico, a partir de estudos que visavam uma transformação do ambiente natural foi possível o desenvolvimento de tecnologias que de fato melhoraram as condições de vida e permitiram um maior entendimento da natureza e sua manipulação em prol da humanidade. Sem os métodos científicos pautados na razão provavelmente não haveriam tantos avanços nas ciências já que antes de sua elaboração a construção de conhecimento era voltada apenas para a contemplação.

Entretanto, é ingenuidade acreditar que os avanços da ciência foram estritamente benéficos para a sociedade. Com a divisão extrema das áreas do saber perdeu-se a visão do todo e a falta de contemplação leva a humanidade para um caminho com consequências inexoráveis. Os indíviduos vislumbrados com o progresso tecnológico deixaram de olhar o planeta como um sistema integrado e esqueceram que os danos causados pela transformação intesa do meio ambiente serão sentidos pela humanidade talvez de maneira tão abrupta que o ritmo de transformação e consumo precise ser diminuído drasticamente.Desse modo, pode-se enxergar que essa divisão utilitarista do conhecimento voltada para o uso dos recursos naturais quando aplicada sem a presença de ideias da filosofia clássica voltados para a contemplação dos recursos utilizados não se concretiza como uma forma muito benéfica de construção científica, tendo em vista que leva a um consumo predatório o qual ameaça a perpetuação da espécie humana.


O sumiço da Sétima

     Em princípio, vamos esclarecer que este é um caderno de anotações referente à minha pesquisa pessoal de avaliação do sumiço da sétima mulher trabalhadora da fábrica no quarteirão de minha rua. Começaremos em um ponto mais primordial: sou escritor, um velho escritor acostumado com o funcionamento mecânico de meu cotidiano. Todos os dias, ao raiar do sol, sento em minha varanda com uma xícara de café e vigio o pequeno movimento em minha rua: as mesmas sete mulheres proletárias, com suas proles em uma mão e as marmitas na outra. Porém, certo dia, assistindo a essa travessia matinal, notei o desaparecimento de uma delas, a mais nova delas.

    Assim, chegamos a problemática dessa pesquisa: o sumiço da sétima. Com isso, trago aqui as considerações iniciais para o maior entendimento dessas anotações. Em primeiro ponto, decidi utilizar do método cartesiano pois pretendo chegar em uma única verdade absoluta e concreta, sem desvios de respostas ou espaços para mais dúvidas; mas também aderi ao modelo por possuir apenas um instrumento de pesquisa, aquilo que separa os homens dos demais animais: a razão universal. Em segundo ponto, essa análise leva em conta três diferentes ambientes aos quais chamaremos de universo: o universo expandido minha rua (i); o universo intermediário fábrica (ii); e o universo reduzido minha mente (iii).  A partir dessas considerações, seguiremos aos levantamentos obtidos.

    Segundo o método de Descartes, toda pesquisa inicia-se a partir da observação. Por mais que haja a crença de que os sentidos enganam nosso raciocínio e nos negam a descoberta da verdadeira razão, permito-me acreditar naquilo dito por meus olhos: a sétima mulher está ausente do primeiro universo (minha rua). Noto, também, que tal fato leva a ausência dela no segundo universo (a fábrica). Porém, ao observar o terceiro universo, o mais reduzido de todos (minha mente), constato sua presença em minhas memórias e questionamentos.

    A partir disso, vamos ao próximo passo da construção do método científico: a formulação de hipóteses através do uso da razão. Quais acontecimentos levariam uma jovem mulher a abandonar sua rotina e seu sustento? Estaria ela doente ou apenas conseguiu condições melhores de trabalho em outro lugar? Como explicar o sumiço em apenas duas instâncias de observação (o universo expandido e o intermediário), mas sua forte presença no meio reduzido (minha mente)? Transformemos essas ideias em algo mais concreto e passível de uma análise: caso ela esteja doente ou impossibilitada de trabalhar, voltará em breve e continuará presente em todas as instâncias; caso ela tenha se mudado, se ausentará instantaneamente  de dois universos (minha rua e a fábrica) enquanto sumirá aos poucos do terceiro (minha mente).

    Após quatro meses do desaparecimento da sétima, trago aqui minhas constatações sobre a continuidade do funcionamento de cada universo. Por apenas o tempo poder trazer respostas às minhas duas hipóteses, procurei validar a terceira etapa do método científico a partir da averiguação dos meios de estudos - os três perderam um elemento em comum.  A minha rua continuou por funcionar normalmente, as demais mulheres com seus filhos e marmitas cumpriam o mesmo trajeto todas as manhãs sem demostrar nenhuma falta da sétima. A fábrica também prosseguia suas atividades, notada pela emissão de poluentes da chaminé e pelo entra e sai dos funcionários, a retirada de um membro parece não ter alterado produtividade. Já minha mente obteve um grande empecilho em sua habitual programação. Não observar pela manhã as sete mulheres juntas gera um aparente atrapalho do funcionamento por fazer emergir uma série de questionamentos e dúvidas: a razão inerente ao homem.

    A paz de minha mente veio após 6 meses do sumiço da sétima com o total antagônico da situação: a retomada da presença das sete mulheres com a prole e as marmitas. Porém, em distinção das demais ocasiões, a sétima andava agora com uma pequena criança em seus braços. Assim, não noto apenas a validação de minha primeira hipótese como registro uma alteração no segundo campo de estudos (a fábrica). Concluo, por fim, encerrando minha pesquisa, que a utilização do método científico acaba por me obrigar a tratar situações extremamente humanas e cotidianas em algo robotizado para obter uma análise; retirando toda a subjetividade presente nas relações interpessoais inerente ao homem. Em uma consideração final, como um velho membro da literatura, exijo-me concordar com os versos de Jorge de Lima:

"Mulher proletária — única fábrica

que o operário tem, (fabrica filhos)

tu

na tua superprodução de máquina humana

forneces anjos para o Senhor Jesus,

forneces braços para o senhor burguês."

O Faisão Azul

Diário falado de pesquisa do Dr. Prof. José Batista Batista; Dia 19 da Comissão Organizada de Pesquisa Amazônica (COPA) edição XXIII; Gravação 1ª: 


‘Me encontro mais um dia adentrado nessa floresta densa e sem fim. Meus companheiros de pesquisa já não os vejo. Acho que me perdi deles a uma ou duas horas atrás, meu relógio está quebrado. Mais e mais espécies de folhagens e árvores típicas da Floresta Amazônica compõem o cenário desta descoberta: uma espécie de faisão ainda não catalogada. A ave tem em torno de 50 centímetros de comprimento e certamente não possui adaptação ao voo. Suas pernas e pescoço compridos, o fato de estar neste momento se alimentando de uma fruta suculenta que caiu de uma árvore e não ter alçado voo desde o momento que a encontrei confirmam minha teoria’. 


Diário falado de pesquisa do Prof. Batista; Dia 19 da COPA XXIII; Gravação 2ª: 


‘Minha teoria estava equivocada. O Faisão Azul, como estou o chamando nesta aventura de pesquisa, bateu as asas e voou em minha direção, quase que me leva um dos olhos. Meus sentidos e observação me enganaram, acho que tenho de ser mais perspicaz quando reencontrá-lo, já que o perdi de vista na mata’. 


Diário falado de pesquisa do Prof. Batista; Dia 19 da COPA XXIII; Gravação 3ª: 


‘Reencontrei o Faisão Azul, e para minha alegre surpresa ele não estava desacompanhado. Nosso encantador animal está neste momento no meio de um ritual de acasalamento, pelo que me parece. Em cima do galho de uma árvore está a fêmea parada observando o macho. Ele pula de galho em galho ao redor dela, com suas penas azul-turquesa reluzindo à luz do sol. Ele emite sons agudos e altos, e aparenta ser uma das mais leves aves que já vi, porque age com destreza ao se movimentar entre as plantas enquanto encanta a fêmea’. 


Diário falado de pesquisa do Prof. Batista; Dia 19 da COPA XXIII; Gravação 4ª: 


Me envergonha admitir que mais uma vez me encontro enganado sobre minhas percepções. Completamente enganado. O nosso caro Faisão Azul do primeiro encontro, que quase me deixou cego, depois de muito tempo cortejando e dançando para conquistar a outra ave, desceu com ela das árvores em direção ao solo. Ao pousarem no chão, o barulho feito com suas pernas e garras foi tão alto que fez com que minha teoria de serem aves com peso leve caísse por terra. Ainda por cima o “macho” da espécie, que estava a cortejar a outra ave, na verdade era a fêmea. Percebi tal fato quando os animais começaram a cópula à sombra de uma grande folha que bloqueava a luminosidade solar. É aí que entra a pior parte. Era a primeira vez que eu os observava fora da luz do sol. E nossa cara e recém descoberta espécie de Faisão Azul Amazônico, não era azul. A luz que batia em suas penas fazia com que reluzissem, revelando a coloração azulada, porém os animais eram bege, um marrom bem comum, o que me entristeceu e intrigou ao mesmo tempo’. 


Diário falado de pesquisa do Prof. Batista; Dia 20 da COPA XXIII; Gravação 1ª: 


‘Depois do episódio de ontem, consegui localizar meus companheiros de pesquisa e retornamos à nossa base de catalogação. Hoje me encontro registrando a espécie que certamente teve o prazer de me enganar. Ao redigir minha pesquisa, as descrições quase me tiraram uma gargalhada: uma ave que aparenta não voar e ser relativamente leve, mas que voa e possui grande força, apesar de ser tão ágil quanto um animal de porte bem reduzido; possui coloração azul até encontrar uma sombra, onde o sol já não reluz em suas penas e se torna bege; além disso, quem corteja na dança de acasalamento é a fêmea da espécie, o que me fez descontruir alguns pensamentos errados não somente sobre o reino animal mas também sobre o ser humano. Termino este diário de pesquisa contando-lhes o nome que concebi a este curioso animal: Phasianus Franciscus Bacon, latim para Faisão Francis Bacon’. 


Henrique de Carvalho - 1º ano de Direito