O Positivismo surgiu, no contexto da Revolução Industrial e do Iluminismo, como um corpo funcional da sociedade em conjunto, porque tinha a intenção de identificar os diversos problemas sociais presentes para uma melhor compreensão desse organismo vivo através do conhecimento produzido pela ciência, sem qualquer subordinação às escolas políticas que já eram impotentes em conciliar a ordem e o progresso.
Para alcançar tal avanço, Comte defendia uma ciência universalmente válida, baseada sempre na experimentação do convívio humano no referente ao esclarecimento dos fenômenos, dando condições fundamentais para a civilização moderna. É necessária também uma reparação contínua para manter essa ideologia, caso contrário, seu decaimento pode levar à crise e ao regresso.
Entretanto, todo esse conhecimento científico teoricamente universal nunca foi acessível a todos. Esse corpo funcional tem diversos problemas como uma dor nas costas onde se encontra o proletariado, um inchaço nos pés onde se encontra a mulher, cortes nas mãos onde se encontram pretos, pardos e indígenas e claro, a cabeça livremente intacta onde se encontra a elite. Esta é a única parte que pode experimentar o real sentido - talvez até figurado - da famosa ordem e progresso, mesmo que às custas de todas as outras bases desse organismo, representadas pelas minorias da sociedade contextualizada.
Trazendo esse pensamento em paralelo, Jeremy Bentham também contribuiu para a filosofia moral contemporânea com a chamada Deontologia, que significa ciência do dever e da obrigação. Ambos os pensadores possuem uma grande diversidade de intenções, objetivos e sentidos que podem ser relacionados a partir do fator comum em suas ideias: a fé na ciência e na capacidade transformadora do conhecimento científico. Eles são ideólogos do industrialismo, sábios em reconhecer as consequências e dimensões do contexto em que viviam, além da ciência ser vista pelos mesmos como motivo de otimismo.
Nos dias mais recentes, infelizmente, essa visão otimista da ciência nem tão pouco persiste, mesmo com a extrema importância atual dela pela pandemia e a enorme crise sanitária mundial que já perdura por dois anos. É um triste exemplo de regresso pela crise moderna que, segundo Comte, só poderia terminar com a reorganização total, porque o homem propriamente dito não existe, apenas a Humanidade em si, já que o nosso desenvolvimento provém da sociedade.
Sociedade esta que continua atuando ativamente como um único ser vivo, mesmo que desequilibrado no uso de suas forças em diversas partes menos em uma específica; a cabeça, representada pela elite. Porque mesmo que esta seja a infeliz realidade, é a única contínua para o funcionamento do positivismo fora dos papéis, uma que traz ao menos um pouco do gosto da ordem e do progresso ansiados, mas dificilmente igualitários.
Camila Miranda Assi
Direito - Turma XXXVIII
Período Matutino
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