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domingo, 18 de julho de 2021

Holocausto Brasileiro e o Positivismo

Mulheres, negros, pessoas LGBTQIA+, militantes políticos e moradores de rua possuem algo em comum. Eles não se encaixam no padrão do homem branco europeu burguês, e devido a isso, também não fazem parte da teoria do Positivismo, elaborada por Auguste Comte. Por isso, essa classe torna-se marginalizada, como é o caso do Hospital Colônia, em Barbacena, que ficou conhecido como o “ Holocausto Brasileiro”, título do livro de Daniela Arbex. Lá, mais de 60 mil pessoas perderam a vida, por meio das mais diversas formas de tortura e humilhação, em condições sem a mínima dignidade humana, tudo isso apenas porque não se encaixavam no padrão que até hoje é vigente.

Após o fechamento do hospital no final dos anos 80, toda a situação degradante foi jogada para baixo do tapete e ninguém foi responsabilizado. Ademais, a ideia inicial que fez o hospital funcionar tanto na época converge com a teoria de “Ordem e Progresso” de Comte, pois para ele, para que essa frase seja efetivada, é necessária uma sociedade equilibrada, com “bons costumes”, organizada, com uma família tradicional, tudo nos moldes de uma visão eurocêntrica e um tanto antiquado, no mínimo. Então, essa teoria que foi adotada no início da República Brasileira pelos militares não aceita de forma alguma a diversidade, que é o cerne da sociedade moderna, e por isso, faz de tudo para que a considerada “falta de moral e degeneração” seja minimizada e apagada do território brasileiro.

Assim, mesmo que aquele estabelecimento tenha sido fechado, ele é uma forma materializada de todos os tipos de violências usadas na sociedade, e todas as ferramentas para agredir aqueles que prejudicam a “ordem” social continuam vigentes, de maneira implícita, além de ser uma forma de afirmarem o poder hegemônico no Brasil. É triste que um país com tanta diversidade, alegria e cores tenha que ser representado com essa frase no meio da bandeira e com governos que também utilizam dessa política ao invés de buscarem a origem do problema e onde milhares de pessoas continuam morrendo por isso todos os dias.



Lívia Maria M. Bonifácio, turma XXXVIII, diurno

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