Na bandeira do Brasil está escrita a frase "ordem e progresso", que também é o lema político do positivismo. A influência dessa linha de pensamento da sociologia não está limitada apenas à bandeira ou ao período no qual foi fundada a república brasileira, tendo sua influência sentida ao longo da história política do país.
No Brasil, o pensamento positivista teve significativa influência nas escolas militares, algo demonstrado após a proclamação da república, visto o lema supracitado imbuído na bandeira brasileira. Exemplificando essa relação entre essa visão sociológica e as forças armadas é o movimento tenentista, que pregava uma podridão moral vigente na sociedade e se propunha a purificá-la. Os objetivos do tenentismo de restaurar a "ordem social" e a "moral", refletem os ideais de preservação da ordem para que haja progresso, bem como o da manutenção do que é considerado os bons costumes.
Outro exemplo da influência do positivismo na política brasileira é encontrado durante o governo Vargas, que buscou diminuir atritos entre diferentes interesses das camadas sociais através das medidas criadas pela constituição de 1937, com o intuito de preservar a ordem social e, por conseguinte, resultar em progresso. Outro exemplo da presença desse pensamento durante tal regime é a exaltação da laboração que ocorreu nesse período, que buscou fixar a ideia de que o trabalho dignifica o homem e do trabalhador disciplinado, com este defendendo a submissão às ordens dos patrões e dedicação completa ao ofício, enquanto aquele busca enaltecer o labor e incentivar a população a continuar trabalhando o máximo possível, pois acreditavam que ao realizar tal ato, estariam cumprindo seu papel na sociedade.
A ditadura militar instaurada em 1964 no Brasil é outro caso da influência desse pensamento na política brasileira. O positivismo prega a superioridade da vontade social, associando a felicidade ao bem público, bem como defendendo que, para tal ocorra, os indivíduos deveriam se conformar com seus papéis sociais e não romper com a moral e a ordem social.Portanto, quando levado em conta a posição desse pensamento em relação a interação entre as pessoas e a sociedade, torna-se nítido a influência que tal teve no regime militar, pois nele havia uma forte perseguição contra indivíduos e grupos que o governo julgasse como "subversivos" ou "maus brasileiros", em outras palavras aqueles ameaçassem a ordem social defendida pelo governo. Ademais, o regime também utilizava a justificativa de preservar os bons costumes e a moral para instaurar medidas autoritárias, como o infame AI-5, e defendia que suas políticas resultariam em um avanço tecnológico e económico sem precedentes no Brasil, com slogans como "ninguém segura esse país" surgindo como propaganda.
Atualmente, o discurso de que há uma perversão dos valores tradicionais brasileiros, semelhante à fala tenentista, é amplamente empregado por políticos como Jair Bolsonaro e Cabo Daciolo revelam que o pensamento positivista ainda é vigente no Brasil contemporâneo. Exaltações nostálgicas do passado, como antes supostamente seria melhor, anseios do retorno para como se era antigamente, bem como uma preocupação com a moral da juventude também demonstram essa influência, tornando evidente, juntamente com as considerações feitas anteriormente, que o positivismo está profundamente atrelado à política no Brasil.
Rafael Nascimento Feitosa, Direito Diurno
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