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domingo, 18 de julho de 2021

 A bandeira da República Federativa do Brasil surge a partir da corrente filosófica popular da época, denominada positivismo. Esta corrente foi criada pelo sociólogo francês Auguste Comte em meio a inúmeros revoluções burguesas do século XIX. O positivismo exerceu grande influência no Brasil, principalmente sobre a classe militar, em um momento crucial no país: a transição do Império para a Primeira República, proclamada em 1889. Em sua essência política, o significado era propor a evolução da sociedade de forma organizada. Posteriormente, acabou por assumir um caráter de busca pela fraternidade e evolução da nação. A própria bandeira Brasileira carrega consigo o lema positivista: “Ordem e Progresso”. Portanto, segundo essa máxima, a história dependeria de dois guias: a ordem, que faz com que as fases da sociedade não sejam modificadas por revoluções ou grandes transformações, e o progresso, resultado inevitável de uma ordem que só pode ir para frente.

Somando-se a isso, a influência do Positivismo no Brasil fundou raízes que legitimam seriamente as desigualdades sociais presentes no país, pois colabora para o fortalecimento da ideia de harmonia fundada no cumprimento de papel prescrito pela moral, em outras palavras, o saber positivo reforça o valor do trabalho prático e a aceitação de papéis definidos e de “lugares sociais”. A resignação do indivíduo diante de muitas situações colabora para um cenário em que poucos mandam e muitos obedecem sob a justificativa da preservação do bem público com ordem e progresso coletivo. A exemplo do exposto pode-se evidenciar um ocorrido durante a situação pandêmica da COVID-19 quando o desembargador Eduardo Siqueira foi filmando humilhando e rasgando uma multa atribuída por um policial devido a atitude do jurista em se negar a utilizar a máscara como medida de segurança para evitar a propagação do vírus, assim essa conduta de abuso de poder ilustra a célebre frase: “você sabe com quem está falando?”.

Na verdade, a cena acima do desembargador apresenta o autoritarismo tão recorrente na história brasileira (colonialismo, escravidão, coronelismo, militarismo e etc.) que leva aos indivíduos a se acostumarem e a se imobilizarem diante a situação de completa opressão e marginalização social. Ainda no contexto pandêmico, o presidente eleito pela maioria dos eleitores brasileiros encabeça ideias positivistas referentes somente a realidade dos conhecimentos que repousam sobre os fatos observados. Essa mentalidade utilitarista é visível por meio das políticas que privilegiam a recuperação da economia em detrimento da mortalidade de inúmeros indivíduos decorrente da doença viral. Ou seja, Brasil não pode parar de lucrar economicamente, então tudo bem saldo um saldo de 500 mil mortes. Portanto, em muitos casos, não há a preocupação da reflexão aprofundada acerca da origem das causas mais intimas dos fenômenos e sim apenas a elaboração de resoluções pautadas nas leis e nos acontecimentos dos fatos concretos, ou seja, na apreciação sistemática daquilo que é e não do que deveria ser.

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