O
Positivismo foi uma Escola de Pensamento cunhado por Augusto Comte sob um
contexto neocolonial e imperialista, isto é, banhada por um forte pensamento etnocêntrico
e, sobretudo, eurocêntrico. Com isso, moldou uma a superestrutura de todo um
século e perdurou no imaginário de muitos no decorrer das eras. Essa forma de
entender o mundo a nossa volta esteve e está fortemente presente na sociedade
brasileira desde as origens do positivismo, sendo representada em diversas
Escolas Literárias, como o Realismo, e na própria Bandeira nacional, com o lema
“Ordem e Progresso”.
Essa
influência adentrou na educação brasileira, moldando as escolas
cívico-militares e, inclusive, o sistema educacional como um todo. Em
consequência disso, há a formulação de gerações com uma forte visão positivista
do mundo e, com isso, ignoram a pluralidade do mundo. Além disso, é possível perceber
uma forte tendência da educação de não libertação do estudando.
Por
mais que seja obrigatório o ensino de povos nativos e africanos, além dos mais
diversos tipos de movimentos sociais, esse ocorre de forma extremamente
burocrática, não envolvendo, de fato, o jovem a esses contextos sociais e
antropológicos. Ademais, percebe-se, também, que, apesar de se comentar a existência
dos indígenas e sua importância para formação da matriz brasileira, os
vestibulares costumeiramente ignoram a cultura indígena como fundamental para a
formação de uma cultura e língua nacional. Vocábulos e fonemas indígenas foram indispensáveis
para que o português no Brasil se manifestasse da forma como o conhecemos
atualmente e o diferenciasse das demais formas de se reproduzir a língua
portuguesa. Isso fica evidente ao notar que, em provas de vestibulares que
exigem a leitura de obras literárias, quase nunca (se não, nunca) propõe leituras
de escritores indígenas, mesmo quando esses escrevem em português.
Outra
característica forte da educação brasileira de forte cunho positivista é a
castração da imaginação. Mesmo sendo obrigatório o ensino de arte nas escolas,
esse se dá de forma, novamente burocrático, ou seja, com um cunho extremamente técnico
e histórico. Apesar de extrema importância ambos esses aspectos, banalizam e
suprimem a importância social, psicológico, físico e profissional do ensino de
arte – das mais diferentes formas – e dos esportes. Por não serem valorizados
nos processos de admissão nas instituições de ensino superior, percebe-se uma
grande quantidade de jovens com exímias habilidades vocais, musicas, plásticas,
dramáticas e esportivas, abandonando-as a fim de focar nos exames de admissão.
Com isso, há, de forma cada vez mais recorrente, a formação de uma sociedade
emocionalmente instável, sedentária, e doente de forma geral. Além disso, tem
início a falência da produção cultural nacional, uma vez que não há incentivo,
e nem ao menos apoio, para novos artistas e atletas e, dessa forma, os jovens
deixam de ver nessas áreas, um possível futuro.
Não
precisa olhar com muita profundidade no sistema educacional para entender que
ele não cumpre com o a função de libertação. O jovem pode deixar o ensino médio
com um incrível conhecimento de análise combinatória, mas não está preparado
para comprar um imóvel, ou mesmo bagar boletos. Nesse mesmo sentido, o jovem
pode adentar à Universidade com conhecimento do sistema democrático, mas não
reconhecer seus direitos e deveres. Ou seja, o estudante, apesar de ser
obrigado a estudar uma grande quantidade de conteúdos – mesmo que isso não
ocorra em todas as áreas do conhecimento com a profundidade exigida pelos
vestibulares –, esses são ensinados de forma descontextualizadas, não tendo função
prática para a vida particular e social do jovem.
Em
suma, o sistema positivista de ensino tende a manter os jovens estudantes, em
sua maioria, presos a amarras que limitam a forma de se entender o mundo e de
produzir conhecimento e cultura. E, com isso, a teoria positivista é incompatível
com a educação, uma vez que essa deve libertar e proporcionar meios para que
haja produção de conhecimento, não apenas seu repasse.
Vítor Salvador Garcia Lopes - 1º Ano Matutino
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