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domingo, 26 de maio de 2019

O status conservador

 As interações entre os seres humanos vêm se desenvolvendo no âmbito complexo da relação, no entanto, estar complexo não significa que é um aprofundamento positivo esse contato. O sentido da palavra complexidade, nesse caso, é buscar o entendimento de que o modo de economia predominantemente no mundo está ditando a maneira como as ações das pessoas são vistas por outras, em diferentes épocas da história.
 Segundo Karl Marx, as classes sociais existem porque houve uma divisão econômica entre as pessoas, fato possível de existir após o surgimento do capitalismo -sistema econômico vigente no mudo até os dias atuais. Somado a isso, o autor explica que a partir do surgimento das classes, os acontecimentos dos seguintes períodos históricos irão atuar de maneiras que as categorias desfavorecidas passarão a lutar contra o sistema capitalista de privilégios, da mesma forma que os privilegiados lutarão contra isso, em vista de conservar os próprios benefícios -conceito conhecido como materialismo histórico, criado por Marx.
 No século XX, é possível perceber que as relações entre as classes não mudaram de maneira positiva, visto que o pobre continuou a passar dificuldades sociais, e o rico a desfrutar de todo o capital acumulado, pois mesmo após a primeira grande crise do capitalismo (Crise de 1929), este modelo econômico continuou vigente e determinando a maneira como as coisas deveriam funcionar. Ou seja, o pobre teria que trabalhar por anos até atingir o objetivo da estabilidade econômica, algo que só seria possível se ele exercesse serviços ininterruptamente (comum empregos fixos por décadas),  já que ainda há a responsabilidade sustentar a família e garantir um investimento no futuro dos filhos (da mesma forma pensa o Enrico, do livro A Corrosão do Caráter, de Richard Sennett). Essa atitude era vista pela sociedade como nobre, pois havia a ideia de que a pessoa estava priorizando o bem-estar familiar, e por isso iria alcançar todo o sucesso desejado. Do ponto de vista crítico, é uma forma do capitalismo de se manter como vigente e favorecer a concentração de renda para um grupo específico.
 Por fim, no século XXI, é possível observar que o capitalismo atua na manipulação ideológica das pessoas, buscando que aceitem a ideia da necessidade de trabalhar em diversos locais para adquirir experiência, com o intuito de ser valorizado  no atual mercado de trabalho (antigamente, se a pessoa tinha muitos nomes de empregos de carteira assinada, desconfiava-se que ela não era uma empregada confiável). Ademais, a visão desse trabalhador atualmente é a de que ele precisa atingir metas diárias com 100% de perfeição, além de sempre assumir a culpa por alguma medida tomada que tenha impedido a execução do objetivo. Isto é, estabelece-se uma pressão ao funcionário para que os propósitos do trabalho sejam atingidos, e caso isso não aconteça, o ser humano sente-se culpado por não ter ajudado a empresa a lucrar mais, sendo que ele não participaria das bonanças adquiridas.           Assim, percebe-se como o capitalismo é um sistema explorador ao homem.
Logo, enquanto os interesses capitais estiverem dispostos acima do estabelecimento de qualidade de vida a todos os homens, o materialismo histórico perdurará, e, diferentemente dos vários episódios anteriores, a classe dominante irá triunfar na conservação de seu status cômodo e explorador.
Sarah Fernandes de Castro – Direito/noturno

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