As interações entre os
seres humanos vêm se desenvolvendo no âmbito complexo da relação, no entanto,
estar complexo não significa que é um aprofundamento positivo esse contato. O
sentido da palavra complexidade, nesse caso, é buscar o entendimento de que o
modo de economia predominantemente no mundo está ditando a maneira como as ações
das pessoas são vistas por outras, em diferentes épocas da história.
Segundo Karl Marx, as
classes sociais existem porque houve uma divisão econômica entre as pessoas, fato
possível de existir após o surgimento do capitalismo -sistema econômico vigente
no mudo até os dias atuais. Somado a isso, o autor explica que a partir do
surgimento das classes, os acontecimentos dos seguintes períodos históricos irão
atuar de maneiras que as categorias desfavorecidas passarão a lutar contra o
sistema capitalista de privilégios, da mesma forma que os privilegiados lutarão
contra isso, em vista de conservar os próprios benefícios -conceito conhecido
como materialismo histórico, criado por Marx.
No século XX, é possível perceber
que as relações entre as classes não mudaram de maneira positiva, visto que o
pobre continuou a passar dificuldades sociais, e o rico a desfrutar de todo o
capital acumulado, pois mesmo após a primeira grande crise do capitalismo
(Crise de 1929), este modelo econômico continuou vigente e determinando a
maneira como as coisas deveriam funcionar. Ou seja, o pobre teria que trabalhar
por anos até atingir o objetivo da estabilidade econômica, algo que só seria
possível se ele exercesse serviços ininterruptamente (comum empregos fixos por décadas),
já que ainda há a responsabilidade
sustentar a família e garantir um investimento no futuro dos filhos (da mesma
forma pensa o Enrico, do livro A Corrosão do Caráter, de Richard Sennett). Essa
atitude era vista pela sociedade como nobre, pois havia a ideia de que a pessoa
estava priorizando o bem-estar familiar, e por isso iria alcançar todo o
sucesso desejado. Do ponto de vista crítico, é uma forma do capitalismo de se
manter como vigente e favorecer a concentração de renda para um grupo específico.
Por fim, no século XXI, é
possível observar que o capitalismo atua na manipulação ideológica das pessoas,
buscando que aceitem a ideia da necessidade de trabalhar em diversos locais
para adquirir experiência, com o intuito de ser valorizado no atual mercado de trabalho (antigamente, se
a pessoa tinha muitos nomes de empregos de carteira assinada, desconfiava-se
que ela não era uma empregada confiável). Ademais, a visão desse trabalhador
atualmente é a de que ele precisa atingir metas diárias com 100% de perfeição, além
de sempre assumir a culpa por alguma medida tomada que tenha impedido a execução
do objetivo. Isto é, estabelece-se uma pressão ao funcionário para que os
propósitos do trabalho sejam atingidos, e caso isso não aconteça, o ser humano
sente-se culpado por não ter ajudado a empresa a lucrar mais, sendo que ele não
participaria das bonanças adquiridas. Assim, percebe-se como o capitalismo é um
sistema explorador ao homem.
Logo, enquanto os
interesses capitais estiverem dispostos acima do estabelecimento de qualidade
de vida a todos os homens, o materialismo histórico perdurará, e,
diferentemente dos vários episódios anteriores, a classe dominante irá triunfar
na conservação de seu status cômodo e explorador.
Sarah Fernandes de
Castro – Direito/noturno
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