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domingo, 26 de maio de 2019

O Capitalismo enquanto Fênix

Egípcios, gregos e outros povos da antiguidade tratavam, de maneira correlata, o misticismo em torno da Fênix, ou Bennu. Tal credo era baseado na suposta existência de uma ave capaz de sentir a iminência de sua morte e do término de cada um de seus ciclos existenciais. Frente a isso, a Fênix desenvolveria uma fogueira funerária com ramos de sálvia, mirra e canela e, em seguida, se autoincendiaria. Das cinzas, ressurgiria um novo pássaro com penas mais belas que as de outrora e com canto ainda mais doce, ela conduzir-se-ia ao altar do Deus Rá (Sol), na cidade egípcia de Heliópolis, instaurando uma nova era. Diante da perspectiva do falecimento, a ave mitológica tornara-se símbolo de persistência e de transformação de tudo o que há ao redor dos homens.

A partir das obras de Karl Marx e Friedrich Engels, fica evidente que o capitalismo muito se alterou ao longo da história. Nas obras "O Capital" e "Do socialismo utópico ao socialismo científico" desses dois intelectuais citados, respectivamente, é possível traçar a linha histórica altamente detalhada desse sistema econômico, o que seria o tão afamado Materialismo Histórico Dialético de Marx, que através das transformações envolvendo a posse dos meios de produção, entender-se-ia o desenvolvimento da humanidade ao longo dos anos.

Na segunda obra supracitada é feita, no capítulo III, uma importante referência ao modo de pensar de Fourier: "não se passam dez anos seguidos sem que todo o mundo industrial e comercial (...)saia dos eixos". Nessa passagem, compilam-se as diversas "mortes históricas" do modo capitalista de produção - enquanto ave mitológica - tais como o comércio paralisado, crises de superprodução, desaparecimento dos créditos, paralisação fabril, falências em série e inflação desmedida.

Contudo, a própria explanação de Engels explica que essas consecutivas crises sistêmicas do modo econômico analisado são solucionadas da mesma forma que a Fênix renasce de suas próprias cinzas. Fourier estabelece os "ciclos viciosos" desse sistema, os quais se movem sobre contradições reiteradas. Em uma dessas soluções do contraditório, Engels acreditava que elevar-se-ia a anarquia social, em que os proletários deixariam de ser submissos aos capitalistas pondo fim à anarquia da produção. O estudioso acreditava, portanto, que a nova Fênix recém-gerada fosse o Socialismo "per si".

Fantasiosa tornou-se essa forma de pensar se concluirmos que com a morte do capitalismo e o nascimento do socialismo a partir das cinzas do progenitor não somente as penas e o canto da Fênix estariam se renovando, mas a espécie em si. Marx e Engels não contaram com a possibilidade de o capitalismo manter-se, trocando (até os dias atuais) apenas sua exterioridade: a Fênix permanece capitalista, sendo que apenas suas penas e melodias de canto renovam-se a todo momento, além daquilo que esses grandes teóricos foram capazes de ver e prever na antiguidade.

Marco Alexandre Pacheco da Fonseca Filho - 1º ano Direito Matutino

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