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terça-feira, 22 de novembro de 2016

As Vantagens e os Perigos da Judicialização

Judicialização é o fenômeno entendido como a transferência de atribuições pertencentes aos Poderes Executivo e Legislativo para o Poder Judiciário, tratando-se portanto de uma questão delicada e polêmica, por envolver uma mudança na distribuição de poderes que comandam o Estado.
A judicialização no Brasil pode ser entendida como uma consequência da perda de credibilidade no Poder Legislativo, e no próprio modelo democrático atual. Um argumento utilizado para defender a judicialização é o fato de o Poder Legislativo, amplamente composto por membros retrógrados e preconceituosos, muitas vezes atuar de forma a ignorar princípios basilares da Constituição Federal. Dessa forma, o Poder Judiciário assumiria funções originalmente delegadas ao Poder Legislativo com o objetivo de cumprir e respeitar o que está constitucionalmente estabelecido. Um exemplo prático de judicialização ocorreu recentemente, quando o Supremo Tribunal Federal aprovou a união estável de casais homoafetivos no país. Teoricamente, a função de legislar caberia ao Legislativo, o que caracterizaria um avanço do Judiciário sobre uma esfera de poder que não estaria sob sua alçada. Porém, uma vez que o Legislativo não legislou sobre o tema da união homoafetiva, o STF assumiu esta responsabilidade, com a alegação de ter agido de maneira a concretizar princípios básicos da Constituição, como por exemplo a liberdade, a igualdade, e a dignidade da pessoa humana. Dessa forma, o Poder Judiciário defende não estar ultrapassando os limites estabelecidos na tripartição de poderes, mas que apenas age em prol do que está previsto pela Constituição
No entanto, embora a atuação do Poder Judiciário na aprovação da união homoafetiva seja louvável, é preciso ter cautela com o avanço da judicialização. A transposição de poderes pode ser extremamente perigosa para o jogo democrático, o que representa um risco para a própria estabilidade do Estado brasileiro. Além do crescimento do fenômeno da judicialização, a descrença na representativa política atual também acarreta em um endeusamento do Judiciário, que passa a ser visto por grande parcela da população, como o único poder legítimo e honesto. Portanto, apesar de a judicialização muitas vezes ser empregada em prol da justiça e dos princípios constitucionais, o seu crescimento exacerbado é preocupante, na medida em que pode gerar um desequilíbrio entre os poderes e uma consequente instabilidade da democracia.  


Rafael Carpi Baggio - 1° ano de Direito - Diurno 



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