Em janeiro de 2012, uma operação de reintegração de posse
destruiu as casas de 1600 famílias na comunidade do Pinheirinho, em São José
dos Campos. A desocupação se deu de forma violenta e arbitrária, aquelas
pessoas que viviam e ocupavam a terra há oito anos, foram brutalmente tiradas
de suas casas, sem ao menos poder pegar seus pertences.
A decisão foi dada por uma magistrada que sob o aval de
estar apenas cumprindo as leis do Estado colocou o direito à propriedade a
frente do direito à moradia, deixando para trás a dignidade da pessoa humana e
usando o direito apenas como um instrumento de manutenção da ordem.
Hegel, afirmava que o direito seria o pressuposto da
felicidade e expressaria o espírito de um povo. Analisando o caso do
pinheirinho, tira-se por conclusão que Marx estava certo ao criticar estas
ideias hegelianas. Segundo ele, o autor desconsidera as pressões do Estado
burguês, no qual essa idealização de direito seria puramente abstrata.
O direito, historicamente, vem sendo utilizado como
instrumento de dominação, que reafirma as desigualdades entre as classes. Isto
porque alguns daqueles que o praticam ao invés de admitir que na comunidade do
Pinheirinho se cumpria a função social da terra, apenas pensaram no preço do
terreno, tendo a coragem de dizer que aqueles que ali moravam o faziam por
terem sido “insuflados por pessoas interessadas na invasão”.
Felizmente, por meio de juristas como Dalmo Dallari e Fábio
Komparato, que entre outros pediram que fosse feita uma investigação de conduta
dos juízes envolvidos no caso, esta prática antiga do direito vem mudando e
traz esperança de que este se torne uma maneira de tornar a sociedade mais
justa, cumprindo sua verdadeira função.
Ana Flávia Rocha
Ribeiro
1º ano – Direito diurno
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