Para Durkheim, a criminalidade
não consiste em um fenômeno estranho ou patológico, mas sim um dos fatos
sociais, caracterizado por estar presente em todas as sociedades, mesmo que manifestado
de modos distintos, além de ser necessário às mudanças e, consequentemente, à
evolução do meio social. Os crimes, para ele, são definidos como uma ofensa a
certos pensamentos coletivos e para que deixassem de existir, seria necessária
uma unanimidade de pensamento, o que, até em sociedades menores, é impossível,
pois as individualidades, ainda que pequenas, não são nulas e nunca serão
passíveis de extinção, ademais os crimes só constituem uma doença, caso os seus
índices atinjam níveis alarmantes, o que pode ser observado no Brasil.
O contraste visto entre o
funcionamento e eficácia dos sistemas carcerários sueco e brasileiro, por
exemplo, pode ser explicado como reflexo dessa patologia que atinge o nosso
país atualmente. Porém, a superlotação dos presídios nacionais e, até mesmo, os
índices cada vez maiores de criminalidade são conseqüências diretas da ineficácia
que as penitenciárias brasileiras apresentam no tratamento e na socialização
dos detentos, que, por muitas vezes, não recebem segurança dentro desses
lugares de detenção, nem alternativas para sair do mundo do crime, restando
somente a opção de cometerem delitos semelhantes ou piores aos anteriores ao
cárcere. Durkheim defende que a existência de uma sociedade completamente
isenta de crimes é impossível e talvez ele esteja certo, porém se buscássemos
alternativas menos agressivas de punição, aliadas a uma reintegração no meio
social, obviamente obteríamos a redução da criminalidade no país e a demanda
por mais presídios e policiamento, o primeiro passo a ser dado é o abandono de
concepções arcaicas e conservadoras e a aceitação de que punir, na grande parte
dos casos, não é remediar.
Ótimo texto, Letícia! Conteúdo bem explicadinho e fantasticamente redigido. Obrigado!
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