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domingo, 4 de maio de 2014

A moda é o "rolezinho"

                Tomando por base as considerações positivistas, a violação do estado de ordem significa efetivo recuo do progresso social, que deve ocorrer de forma gradativa. Neste sentido, qualquer manifestação pública deve ser evitada, posto que atenta contra a funcionalidade sistemática e coesa da sociedade. É descabido, pois, ignorar manifestações de sublevação popular enquanto instrumento de progresso.
                Os denominados “rolezinhos” nada mais são que o grito de jovens que nunca foram o foco do sistema, muitas vezes privados do conforto e de bens volúveis, mas tão valorizados financeiro e socialmente. Vivemos em um capitalismo de classes, diferenciadas entre privilegiadas ou não pelo sistema econômico vigente. Não em uma sociedade estamental indiana antiga, na qual determinada “casta” é privada de frequentar os mesmos espaços que a outra. A decisão do juiz de direito Alberto Gibin Villela, contrária aos “rolezinhos”, afirma não só a questão positivista de preterir o movimento social em prol do mantimento da ordem, como a negação do direito de ir e vir e do espaço comum a qualquer cidadão. Se o pretexto é algazarra iminente, que sejam tomadas medidas de segurança. Não medidas segregacionistas, baseada no local de origem dos indivíduos e no seu poder aquisitivo.
                Ainda, relacionar tais movimentos à criminalidade é suster a discriminação de outrora, associando os marginalizados pela dinâmica capitalista, naturalmente competitiva e excludente, à imagem de malfeitores e baderneiros. A mesma rede social que deu força ao movimento, todavia, hoje o agride e banaliza, tendo em vista a enquete realizada pela versão online da revista Carta Capital, na qual 68% dos internautas mostraram-se favoráveis a medidas judiciais de interdição possessória em casos como esses. Ademais, o preconceito disseminado nos próprios veículos de organização do movimento, por meio de piadas infames, atesta a ignorância de parte da sociedade no que diz respeito a seus adeptos, conforme pode ser observado nas imagens abaixo:


                Impor distinção, limitar quem deve entrar ou não em determinado espaço, naturalmente voltado ao grande público, é ferir os princípios de igualdade e liberdade, bases do Estado democrático. É ilegítimo, pois, abrir mão desses valores em prol do mantimento Ordem, já que a própria Ordem mostra-se ineficaz, à medida que desfavorece e marginaliza boa parcela da sociedade.  

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