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domingo, 4 de maio de 2014

CHEGA DE PALHAÇADA!

O "rolezinho", tema abordado aqui, como qualquer manifestação cultural, está sujeito a análise dos diferentes aspectos que a compõe e consequentemente, ganhará apoio ou reprovação de acordo com sua aceitação social. Será que esse movimento possui algo de diferente se comparado com o movimento hippie que surgiu nos anos 60 nos Estados Unidos? Seria possível talvez traçar um paralelo entre o movimente da Semana da Arte Moderna de 1922 e o "rolezinho"?
Talvez usar aspas ao escrever "rolezinho" seja desnecessário, pois, após tanto tempo de discussão, este neologismo mostrou-se digno de tornar-se uma palavra que não precise de aspas para ser sustentada porque carrega consigo um significado bem claro para a maioria dos brasileiros.
Imagine um dia tranquilo no shopping center, quando, de repente, surgem duas centenas de pessoas, com faixa etária entre 15 e 20 anos, vestidos de forma peculiar que indica claramente a participação de quem as veste em um movimento cultural que é conhecido por suas músicas com coreografias insinuantes e letras que expressam o desejo por dinheiro e artigos de luxo, além de se comportarem de forma desordenada e barulhenta. Qualquer pessoa que sabe o significado do vocábulo ordem consideraria que essa situação está longe de ser considerada normal. E se ao invés de fãs do "funk ostentação" pusessem-se na mesma situação o mesmo número de pessoas que se consideram seguidores da cultura do "rock pauleira"? Poderia-se considerar esse evento como um "rolezinho do heavy metal"; será que a reação do público seria a mesma? E se fosse um "rolezinho da MPB"? seria esse evento socialmente aceito e livre das discussões que atingem o "rolezinho tradicional"?
Há momentos em que tem-se a impressão de que um dos objetivos dos "rolezinhos" é causar polêmica; se é ou se não é, ninguém sabe, sabe-se apenas que eles conseguiram causar uma discussão de cunho cultural e político em todo o Brasil.
Se a motivação para o surgimento do "rolezinho" é o pretexto da falta de espaço para que haja uma manifestação cultural, então essas mesmas pessoas que se manifestam em ambientes particulares como os shoppings poderiam muito bem pedir que os artistas de sua preferência organizem shows, apresentações ou espetáculos que atendam a estes fins.  Será que o número de shows de funk não é suficiente para suprir a necessidade da população? Porquê não organizar o "Funk in Rio" para quem gosta de funk para fazer frente com o Rock in Rio para quem gosta de rock? Então, se o único objetivo dos famigerados "rolezinhos" é causar um distúrbio da ordem pública, eles deveriam ser proibidos sem direitos a protestos.

Pedro Neves da Cruz Júnior - Direito
Turma XXXI - Noturno - semestre 1

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