Francis Bacon é comumente
conhecido como o “pai do empirismo” e, como
Descartes, interessava-se pelas
questões que envolviam um profunda investigação sobre a capacidade humana de conhecer.
Para Bacon, no entanto, a atividade de indagar sobre as fronteiras do
conhecimento teria um resultado prático para a vida dos homens. Assim, o ponto
de partida de seu pensamento é a crítica ao pensamento aristotélico e à
Filosofia até então vigente, que se baseava apenas no conhecimento obtido
através da especulação racional e de proposições lógicas e na qual não produzia
ao homem nenhuma utilidade prática.
Em sua obra entitulada
Novum Organum, Bacon defende a análise atenta da natureza, preconizando o princípio
da experiência sensorial como única fonte segura de conhecimento. Além disso, coloca
como papel fundamental da ciência o domínio da natureza pelo homem, a fim de utilizá-la
a serviço da sociedade. Nesta mesma obra, identifica como “Ídolos” as formas
mais comuns de pensamentos que podem levar a falsas verdades. E diferentemente de
Descartes, que procurava a essência da natureza no puro cálculo
lógico-matemático, Bacon procurava tal essência nas possíveis ligações que ocorrem
entre os corpos, nos quais se associam por força da repetição.
A máxima
baconiana “Saber é poder” sintetiza de
modo claro, o espírito inovador do homem renascentista, que, conhecendo o mundo
em que vive, é capaz de dominá-lo e
utilizá-lo em benefício próprio. Não será, então, por acaso que Bacon
tornar-se-ia um dos principais ideólogos da futura Revolução Industrial e do
desenvolvimento tecnológico que a culminaria.
Mas, apesar dos muitos benefícios
gerados pelo desenvolvimento tecnológico, a aplicação do conhecimento
científico coloca em cheque a neutralidade da ciência. Aqui farei um
questionamento: “Não seria então a aplicabilidade da ciência utilizada, ao longo da história da humanidade, como um
mecanismo de dominação não só do homem
sobre a natureza, mas, sobretudo do homem sobre o homem?” Se esse tipo de
conhecimento é obtido por métodos universais, deveria ser neutro, não cabendo a
ele nenhum sentido econômico ou político. De fato, isso não é e nunca foi de fato uma
realidade. Se não o fosse, não haveria a famosa questão nuclear, que divide a
opinião mundial, ou não haveria,por exemplo, a cada esquina um outdoor de determinada
empresa vendendo seus milagrosos produtos. Mas do que isso talvez, a questão do
desenvolvimento sustentável, na qual defende uma economia mais comprometida com
o futuro da humanidade não seria algo tão discutível pelas diversos
fóruns mundiais. Enfim, a reflexão fundamental em que todos devemos nos questionar é: “Em que medida ou
até que ponto o conhecimento científico realmente emancipou o homem”?. Saliento, no entanto, que tal reflexão não deva perpassar por um tratamento cético sobre o progresso humano ou científico, mas deve sobretudo caminhar para um espírito mais crítico do homem a
respeito do real benefício que o conhecimento científico trouxe para a
humanidade de maneira geral. Certamente o filme “ Tempos Modernos” seja uma boa
pedida...
Maria Beatriz Cadamuro Mimo - 1º ano direito noturno
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