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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Diálogo (In)Conscientemente Inocente


Para escrever o texto dessa semana, embasei-me num acontecimento real, que, não obstante, não é incomum nos dias de hoje, já que vivemos em uma sociedade com bases extremamente capitalistas e que isso, infelizmente, afeta a todos, inclusive às crianças, que nascem e crescem num ambiente promíscuo de valorização de dinheiro e que, pelos meios midiáticos são influenciadas por propagandas tentadoras de brinquedos, viagens, revistas, livros, CD’s etc.
Procedendo à história, fui ao banco com meu pai resolver questões cotidianas, quando  outro pai, com duas meninas crianças, entraram. Estas começaram a brincar com os papéis de depósito quando uma diz à outra: “Toma, seu cartão pra garantir mil reais de dinheiro!”. A companheira, provavelmente irmã, responde: “Nossa, vou ficar rica, nem meu pai tem tudo isso de dinheiro!”. Percebe-se um rastro do pensamento weberiano neste pequeno diálogo, que parece-nos inocente, mas contém traços especialmente capitalistas, que já pressupões um vínculo de empreendimento racional para a futura garantia de propriedade, seja esta por capital, itens de beleza, carro importado, cartões de crédito, viagens etc.
Mesmo não estando um vínculo claro da economia com o Direito, é possível pressupô-lo em uma análise mais profunda. Isso se faz mediante ao parentesco que ela tem com o pai, que por sua vez, garante a herança às duas filhas, as quais, claramente, são expostas à todo tipo de chantagem emocional, obviamente produzidas por elas mesmas, ao pai, mas que também pode ser entendida como uma herança do capitalismo, que todos os dias mostra suas garras entrelaçantes nos comerciais de televisão, rádio, jornais, revistas e, principalmente, nas ruas, onde o movimento caracteriza lucro, giratória de capital, mobilização das pessoas e da roda da economia.
É assim que Weber analisa a sociedade, porém de modo a perceber diferentes dinâmicas de racionalização, que se expressam por caminhos múltiplos, sejam elas a racionalidade material, formal, teórica e prática, todas elas possuem uma significação específica, que se relacionam a intrínsecas características da sociedade baseada na relação “Estado ßà Economia”.
Assim, a coação de pensamento, abstrata, é muito mais forte, talvez, do que a material, física ou moral. Todos são influenciados e, quando muito não percebem, coagidos a comprarem tais coisas mostradas no comercial do mercado ou do shopping bem visto da cidade. São crianças, adultos, idosos, pessoas naturais ou físicas que constantemente se dilatam em suas funções sociais e passam a funcionar como aparatos econômicos para a sociedade, onde servem e trabalham, bem como os trabalhadores (porém com menos sofrimento, claro), para apenas conseguirem unir, ao fim de cada vida, o Direito à Economia.

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