Nos nossos tempo, muito discute-se sobre o papel da educação e do aprendizado, bem como seus métodos. Seria o conhecimento um mecanismo movido por ideologias e filosofias determinadas? Ou o mesmo seria um campo neutro e imparcial, por vezes contaminado por deturpações ideologizantes?
O pensador Max Weber discutiu o conceito de neutralidade científica. O sociólogo alemão pontua a dificuldade em se estabelecer um saber objetivo ou neutro. Defende que a mais pura ciência deve deixar de lado os valores para que possa se desenvolver sem limitações. Mas identifica a dificuldade de se atingir a neutralidade em meio às condições culturais de cada estudo. Os cientistas deveriam perseguir a objetividade do pensamento, isto é, a análise de um objeto sem deturpações. Contrapõe a este termo a subjetividade, que identificaria os agentes externos à pesquisa que influenciaram no estudo. A problemática questionada por Weber é justamente a dificuldade de se estabelecer uma análise objetiva em meios às subjetividades do pensamento humano.
O conceito de neutralidade de Weber também é bastante singular. Ele não acredita que a ciência neutra consiste naquela desprovida de subjetividade - posto que reconhece a dificuldade em atingi-la -, mas a concebe enquanto o conjunto de pensamentos. Para Weber, então, a neutralidade deve ser buscada, mas consistiria na pluralidade de pensamento e não na sua ausência.
O debate de Weber sobre a neutralidade do saber nos remete aos recentes movimentos que buscam inibir uma suposta doutrinação dentro das salas de aula. Os adeptos ao projeto "Escola Sem Partido" acreditam que os professores são responsáveis por doutrinarem seus alunos de acordo com suas próprias crenças e que esse processo seria prejudicial para o desenvolvimento científico, devendo ser a escola uma ambiente para prática do conhecimento neutro, desprovido de ideologia. Muito critica-se o movimento por conceber uma mordaça ao pluralismo ideológico dentro dos espaços educacionais e uma inexistente apredizagem neutra, além de coibir a difusão do pensamento crítico e contra-hegemônico.
Weber, que também defendia a neutralidade da ciência, não a concebia enquanto a inibição da pluralidade de pensamento. Pelo contrário. A neutralidade para Weber só poderia ser alcançada a partir do conjunto de ideias e culturas divergentes. Neutralidade, para Weber, não representa mordaça.
Guilherme da Costa Aguiar Cortez - 2º semestre de Direito (matutino)
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