Concordando-se ou não com sua visão, é impossível não
dizer que Max Weber ao menos foi um sociólogo que se distanciou e se
diferenciou muito das perspectivas de seu tempo. Enquanto tratava-se a ciência
como estritamente neutra e objetiva, abordou a subjetividade da mesma devido ao
aspecto cultural; enquanto cada vez mais se buscavam dogmas ou leis como fins
para se reger os fenômenos sociais, os rejeitou quando eram colocados dessa
forma; enquanto outros pensadores buscavam uma visão geral e macro da sociedade em que viviam,
valorizou o indivíduo.
Na sua valorização do indivíduo e conceituação dos
tipos possíveis de ação social, reside um ponto do pensamento weberiano que
ajuda a compreender inúmeros aspectos do mundo contemporâneo justamente por
permitir a visão de que toda grande ação social não é simplesmente um fluxo
coletivo, mas é, antes, guiada pelas aspirações individuais de cada um que as
compõe, estando essas orientadas em único sentido.
Assim, nossas aspirações são peça-chave para entender
tanto as nossas próprias ações quanto as que participamos de maneira coletiva.
Exemplo: se tomarmos como exemplo de ação meramente individual o voto, podemos pensa-lo
na forma de exercê-lo de acordo com os diferentes tipos de ações sociais. Se
realizado por meio do exercício de leitura atenciosa do debate político e
afinidade ideológica, se estará sendo racional (ainda que se possa fazê-lo com
ressalvas e utilizando a democracia para alcançar o cumprimento real das
promessas de campanha ou simplesmente se engajando e apoiando irrestritamente tudo
que se dará pela eleição do candidato). Se realizado por meio da reação
psicológica que se teve mediante a fala ou o programa de um candidato (como nos
casos dos grandes líderes políticos), se estará sendo emocional, ao passo que,
caso busquemos nos candidatos uma identificação com nossas crenças ou dogmas
(como os religiosos), estaremos sendo tradicionais.
O mesmo vale para quando pensamos em ações coletivas
como os movimentos sociais, por exemplo. Quando todos os indivíduos se
encontram inseridos dentro de um movimento social para a exigência da
efetivação de suas demandas – bem demarcadas -, tem-se a racionalidade (como
nos primeiros momentos das Jornadas de Junho, com a luta contra o aumento na
tarifa de ônibus), enquanto quando se tem a participação somente pelo calor da
ação do movimento social, tem-se a ação pela emoção (a continuidade das
Jornadas de Junho de forma dispersa após os grandes dias de manifestação). Por
fim, quando estes movimentos são voltados para a sustentação de crenças ou
costumes, percebe-se a tradicionalidade, como com a Marcha da Família com Deus
pela Liberdade, mais característica das manifestações que antecedem o
estabelecimento do golpe militar de 1964.
Dessa forma, a incompreensão de grandes fenômenos
sociais pode se dar pela utilização do método tradicional de, por os considerar
como coletivos e de grandes proporções, tentar os observar de uma forma única e
massiva, quando na verdade a resposta pode justamente estar no sentido dado por
cada um dos inúmeros indivíduos que ali se faz presente e que, em suas
motivações específicas, acreditou naquela ação social, a qual acabaria
crescendo e ganhando sua devida proporção. Para todo fim, a resposta está no
indivíduo.
Luiz
Antonio Martins Cambuhy Júnior
1º
Ano – Direito Matutino
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