A caça às bruxas inicia-se em 1450, perdurando por quase
300 anos, findando com a ascensão do Iluminismo. Seu caráter religioso
associava-se também às instituições da época tendo significado político,
religioso e sexual. Das quase 9 milhões de pessoas acusadas, julgadas e mortas, cerca de 80% eram
mulheres de conhecimentos medicinais, como parteiras, enfermeiras, assistentes
e inclusive crianças e moças, acusadas de “herdarem o mal”. O que isso tem a
ver com a sociedade atual? Uma série de ataques
sob o pretexto de “se fazer justiça com as próprias mãos” vem sendo
diversamente noticiado e pulverizado pelo país. As pessoas, descrentes nas instituições
judiciais, são capazes de atrocidades, tanto quanto àquelas citadas ao começo
do texto. O povo, em suma, é altamente religioso, seguindo ou não uma instituição
cristã. Sua religiosidade quanto à inviolabilidade de seu espaço, sua
incapacidade de compreensão social e sua sede por justiçamento tem cegado seus
atos. Em nada diferenciam-se da brutalidade da caça às bruxas. A compreensão de
que os atos da vida social refletem na própria construção da sociedade e de sua
cultura, o entendimento de que somos um povo que vive em comunidade, e nenhum
ato restringe-se ao individual, retomam à construção do pensamento de Durkheim
sobre o fato social. Assim, a busca por tamanha brutalidade tem ganhado forças,
e afinal, o que poderá saciar o combate da violência com mais violência? Até quando nos degladiaremos para fazer funcionar o Contrato Social?
Será que a solução encontra-se apenas no fortalecimento das instituições ou
devemos nós começar uma mudança de pensamento? Tais dúvidas só poderão
ser respondidas nos capítulos de nossa vida.
Jade Soares Lara, 1 Ano Direito Diurno
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