Uma grande alegoria feita a Darwin em ciências humanas é em questão ao darwinismo social, que tenta transferir preceitos biológicos ao campo social, resultou em um grande desastre para a humanidade, o imperialismo europeu. História a parte, é possível observar que Darwin não traça um paralelo apenas depois dele, mas também com o Positivismo de Augusto Comte. O sociólogo traça uma evolução, um progresso, do conhecimento humano.
Isso se dá por estágios: o religioso, o metafísico e o positivo, este o ideal. O estágio religioso é quando o homem explica as coisas e sua essência através da concepção de um deus, uma chuva, por exemplo, não seria resultado da vaporização da água e sua posterior condensação na atmosfera, mas sim do humor de um deus. O estágio metafísico abandona essa ideia de pessoas supremas e passa essas responsabilidades, de descobrir a causa e a essência, a entidades metafísicas. O estágio positivo, em primeiro lugar, abandona a busca pela essência (não é interessante para a ciência se preocupar com outra coisa que não seja o presente, o real, o manipulável), em segundo lugar, busca usar de leis para identificar o fenômeno.
Comte procura transferir toda essa racionalidade à sociedade, inaugurando a Sociologia. E nessa nova ciência está contida a ideia de evolução, de dinâmica, mas também está contida a ideia de conservar valores, de ordem. Diferente da evolução biológica, as sociedades, segundo Comte, não deveriam se desenvolver de maneira desordenada, mas sempre com uma base, regras específicas que garantiriam o Progresso.
Essa ideia de ordem acabou embasando muitos governos autoritários, a exemplo das duas ditaduras que houveram no Brasil. O Governo Vargas tomou para si a iniciativa de alavancar a industrialização do Brasil (progresso). A Ditadura Militar se justificou com a ideia de que o Brasil estava muito debilitado, "doente", e por isso seria necessário uma ordem forte o bastante para "curar" o país dos progressos desordenados.
Essa conservação excessiva que o positivismo traz, de se prender a verdadeiros dogmas, em face do progresso pode até funcionar, mas só para garantir esses dois objetivos. As sociedades sofrem muito com essa racionalização humana. Afinal, o mundo social realmente tem leis imutáveis e eternas? Ou as leis que existem são pra cada época e para cada povo?
João Filippe Rossi Rodrigues- Direito, Diurno
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