Em pleno século
XXI, já se tornou banal a premissa de que o mundo está amplamente interligado,
no qual ocorre uma aparente redução dos espaços do globo e o tempo se baseia no
momento instantâneo. A internet revolucionou de um modo extraordinário a
comunicação entre os indivíduos, possibilitando amplas interligações sociais,
além da intensificação das trocas comerciais entre os países. Apesar desses
benefícios serem fundamentais, destaca-se as redes sociais como um poderoso
instrumento de reinvidicação.
Movimentos como
o “Ocupe o Wall Street” nos EUA e os “Indignados” na Europa foram os estopins
para que houvesse essa ampla repercussão internacional, no qual os encontros
eram marcados nas próprias redes sociais e impossibilitados de serem reprimidos
pela grande quantidade de manifestantes. Outro exemplo é a Primavera Árabe, ampla
revolução que desmoronou inúmeros “impérios” de ditadores que já haviam se
instaurado no poder há décadas.
No dia 15 de
outubro de 2011, o mundo alarmou-se com uma série de manifestações que
questionavam o atual sistema capitalista. Diversos movimentos foram planejados
em 951 cidades de 81 países, o que reverbera a sua relevância, podendo-se
estabelecer inúmeros paralelos com a Crise de 1929 ou a queda do Muro de Berlim
em 1989. Inúmeros manifestantes inflamavam a população afirmando que unidos,
demonstrariam aos políticos e elites financeiras a quem estavam submetidos,
superando um aparente estereótipo de que se restringiam a meras mercadorias,
reflexo da ideologia consumista em que presenciamos diariamente.
Há 164 anos,
Karl Marx e Friedrich Engels concebiam a obra “O Manifesto Comunista”, contendo
premissas ainda hoje atuais. De acordo com os autores, a expansão do
capitalismo resultaria inevitavelmente em uma economia globalizada,
impulsionando consideravelmente o lucro da burguesia. Partindo dessa premissa,
ambos deferem um aspecto negativo da globalização que é sua limitação à classe
detentora dos meios de produção. Logo, percebe-se a atualidade desses ideais na
onda de manifestações contra o
sistema financeiro mundial e na reação contra os cortes de gastos
públicos feitos pelos governos para combater a recessão recentemente na Europa.
Ressalva-se que
apesar dessa crítica, Marx e Engels eram adeptos da ampliação do processo de globalização,
desde que não incluísse somente a esfera burguesa. Ambos defendiam uma
incorporação e superação do capitalismo, logo propunham a expansão da
modernidade para todos igualmente, não se limitando ao aspecto teórico.
Consideravam inadmissível as instituições jurídicas proporcionarem mecanismo
que somente defendiam a propriedade privada e os donos dos meios de produção,
segregando todas as demais classes desfavorecidas da sociedade. Esse quadro
seria superado justamente por meio da globalização.
No começo da
obra o Manifesto Comunista, explicita-se que a história da humanidade é a de
luta de classes e somente por meio da intensificação dessa premissa, o
capitalismo poderia ser superado. Inúmeros movimentos atuais, como visto
anteriormente, reverberam esse aspecto, entretanto enfocam-se em aspectos mais pragmáticos,
pois já compreenderam a impossibilidade de cessação do capitalismo, entretanto
proporcionam amenização das injustiças sociais e amplas reflexões de como conciliar
esses inevitáveis choques entre dominantes e dominados. A humanidade não deve
estagnar-se frente as dificuldades impostas pelo sistema, mas almejar
diariamente por aproximar-se o máximo possível de uma efetiva harmonia social.
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