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segunda-feira, 13 de agosto de 2012



Carro, Casa, Churrasco e Futebol: os desejos do povo


O Manifesto Comunista anunciou ao mundo a luta história das massas pela destruição da burguesia e por melhores condições de trabalho e de vida. Marx clamou pela união instransponível de trabalhadores, superando ideias de nação, família e religião. Identificou com maestria o papel histórico e pendular da burguesia como força revolucionária. No entanto, Marx falhou em seu entendimento burguês sobre o homem comum, o homem proletário. Fracassou em desvendar os verdadeiros anseios da massa trabalhadora, assim como o comunismo sucumbiu aos anseios materiais do trabalhador anônimo.

E a derrocada comunista inicia-se juntamente com o fortalecimento dos movimentos socialistas. Paralelamente a criação dos partidos consumistas e socialistas por toda a Europa, no século XXIX e começo do século XX, dá-se o início de uma série de concessões burguesas às massas trabalhadoras com o intuito de fragilizar e apaziguar os ânimos revolucionários dos proletários.O sufrágio foi então, estendido aos trabalhadores, e percebeu-se a necessidade do Estado em assistir às massas na educação, na saúde, na moradia, no emprego.Criou-se, na Inglaterra, o conceito do welfare state seguindo a máxima do partido trabalhista inglês: “from the craddle to the grave”.O poder estatal, portanto, passou a cuidar diretamente da vida de cada cidadão, estabelecendo padrões mínimos de existência no sentido de diluir antagonismos sociais presentes na sociedade do pós Revolução Industrial.Se no Brasil as concessões trabalhistas e sociais, sobretudo durante a Era Vargas, foram limitadas, o chamado peleguismo incumbiu-se de cooptar líderes sindicais e trabalhistas para à esfera governamental, enfraquecendo partidos e instituições das mais variadas tendências esquerdistas.O peleguismo, assim como o welfare state, demonstraram que o trabalhador, na verdade, deseja melhoria social e individual, não transformação política e econômica.
Marx erra ainda ao não prever a alienação trabalhadora prevista posteriormente no trabalho de George Orwell. Para que os proletários de todo o mundo se unissem e assumissem um papel ativo na destruição da burguesia e da propriedade privada, eles teriam que ter consciência de classe. Deveriam ter maturidade intelectual para debater os rumos e o projeto político da massa trabalhadora mundial. Contudo, a educação acadêmica, humanista, reflexiva e cívica foi proibida às massas. Enquanto a educação pública era estendida em termos quantitativos, pouco era feito em aspectos qualitativos. A educação fragmentada ganhava força por toda a Europa, com a divisão precoce de alunos do primário e do ensino médio em currículos técnicos, especializantes e acadêmicos. Esse processo que se inicia na Europa, expande-se pelo mundo, com o neoimperialismo inglês, francês e holandês do século XIX. A classe trabalhadora, então, embora começasse a frequentar os bancos da escola, não tinha condições de planejar teoricamente o seu futuro.
Se a educação não conseguiu dar aos trabalhadores o necessário para que eles identificassem o que queriam, o socialismo do século XX lhes mostrou o que não queriam. Não queriam igualdade em condições de miséria, não queriam falta de liberdade política, não queriam proibição da livre circulação de pessoas, não queriam abdicar de toda e qualquer aspiração individual em nome do Estado e na noção de coletivo. E por isso, que o socialismo fracassou. Fracassou porque o homem é individualista, é ambicioso, é insaciável; porque o desejo de melhorar é incessante. No fundo, o desejo de igualdade plena e absoluta é um ideal utópico e burguês, porque o sonho do pobre não é nada mais do que ter uma casa própria, um carro, uma família, um churrasco de domingo e paz de espírito.

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