Em “O Manifesto Comunista”, Marx e Engels analisam a
estrutura da sociedade capitalista, avaliando os seus pontos positivos e
negativos. Sabemos que a classe burguesa revolucionária foi responsável pela
ruptura da estrutura social que se mantinha na Europa até a Revolução Francesa,
ou seja, aquela em que a nobreza e o clero ocupavam o topo da pirâmide social,
explorando as demais classes que compunham a sociedade. Nesse sentido, pode-se
dizer que conseguimos alguns avanços com os novos direitos adquiridos a partir
do discurso iluminista, que pregava a liberdade, a igualdade e a fraternidade
entre as pessoas.
No entanto, é valido pensarmos que, no final da Idade Média –
quando, aliás, surgiu a burguesia -, o poder era descentralizado, o que
prejudicava a organização comercial e, consequentemente, a obtenção de lucros
dessa nova classe social. Então, nesse momento, a mesma passou a incentivar,
com o seu capital, a monarquia decadente para que esta centralizasse o poder. A
união entre essa camada social decadente e o capital burguês deu origem ao
Estado Absolutista, que mais tarde será combatido pela própria burguesia.
Detentores do poder econômico, os burgueses passaram a
buscar também o poder político, o que seria possível apenas através de uma
revolução com apoio do povo, que seria seduzido pelas ideias de liberdade e
igualdade entre todos. A revolução foi feita, mas os antagonismos entre as
classes não foram abolidos; pelo contrário, ocorreu um fortalecimento do
capitalismo e aqueles foram acentuados.
Com tal revolução, a burguesia criou uma constituição social
e política adaptada a ela e sob o seu controle econômico e político. A
sociedade, estruturada dessa forma, legitima as ações burguesas através de
normas e, apesar destas serem estabelecidas em nome da liberdade, trata-se de
uma nova maneira de opressão e dominação.
A burguesia – com o auxílio da normatividade jurídica -
consegue neutralizar a dominação, pois os seus valores serão defendidos não
somente por ela – classe dominadora -, como também pela classe trabalhadora,
que é a classe dominada. Percebemos tal fato claramente nos dias de hoje, em
que a classe trabalhadora, ao invés de ter seus próprios valores e buscar a sua
própria revolução para que deixe de ser explorada, não só aceita, como também
compartilha dos valores burgueses e busca alcançar aquilo que a classe burguesa
já alcançou.
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