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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Tempos Hodiernos

 No filme “Tempos Modernos”, Charlie Chaplin, ator e roteirista renomado, promove, enquanto retrata o início da revolução industrial, uma visão fundamental da dinâmica capitalista: o proletariado enquanto peça num maquinário produtivo, junto de toda a morte de sua humanidade. Nessa desumanização, Karl Marx denota a retirada de sua essencialidade e a denomina como “alienação”. Ou seja, para Marx, a potência criativa do homem retrata seu âmago, e eximí-lo disto é tão grave quanto matá-lo, pois é como uma morte em vida.


Àquele que se prende as datas, ficará limitado ao período inicial do sistema capitalista conquanto único com esse parâmetro alienante. Como uma mãe que acredita na segurança de sua criança por esta estar em casa, desconhecendo o perigo iminente da Internet e redes sociais, a mente da época da punição disciplinar (até onde pode ser levada pelo Michel Foucault,) acredita que ficar junto de seu labor de maneira “direta” enquanto um “livre-empreendedor de si mesmo” evita a alienação de seu trabalho. Todavia, Marx não centraliza o problema na produção, mas no produto. Uma vez que o trabalhador participa parcialmente da produção, não se encontra, consequentemente, no produto deste trabalho. Não participar era a causa, ou a condição, históricas da época para que houvesse o efeito alienante, perder o fruto de seu dispêndio vital.


Não obstante, com o movimento materialista-histórico-dialético, as causas, ou “condições materiais” que acarretam em consequências variadas, mudam. Seguindo a ruptura dialética hegeliana com a lógica clássica aristotélica, se outrora A era idêntico ao B, agora A pode ser diferente de B, perdendo ou passando essa identidade para outro elemento C. Noutras palavras, para um mesmo resultado existem diferentes caminhos, e cabe ao ser humano de seu tempo definir qual caminho foi tomado em sua época, como se fosse um processo terapêutico com a sociedade. Em síntese, num novo contexto, em que o trabalho perde o caráter material de reprodução e ganha um aspecto imaterial, pode ainda atingir o mesmo resultado da alienação, ainda que não seja assim percebido pelo público geral.


Assim, no tempo hodierno, na materialidade imaterial contemporânea, os trabalhadores de plataforma, numa conjuntura pós-reforma trabalhista, se identificam enquanto autônomos e, portanto, donos de seu agir, ou, de outra forma, humanos não-alienados. Contudo, a plataforma dita seu ritmo, seu valor e os meios de reprodução de seu trabalho, o que desloca esses da condição de burguesia à condição de proletário precarizado.


Mediante o exposto, conclui-se que a máxima de Chaplin perdura no tempo. O homem é desumanizado à uma mera peça da máquina capitalista (, esse modelo político-econômico pautado na produtividade com o intuito de ampliar o dinheiro, numa dinâmica que cria o chamado capital). Para a infelicidade ou felicidade de muitos ou alguns, quem não conhece sua história pode repetí-la. Para isso devém "marxianismo" (visão de Karl Marx e Friedrich Engels) ao "marxismo" (continuação coletiva pós-Marx de sua teoria, renovando os conceitos conforme a realidade se renova).

Henrique Pinheiro Campanella, 1º Ano do Curso de Direito (matutino)

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