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segunda-feira, 5 de maio de 2025

Capitalismo de Plataforma e a Reinvenção da Exploração: Uma Leitura à Luz do Materialismo Histórico Dialético

    O materialismo histórico dialético é uma concepção filosófica e metodológica desenvolvida por Karl Marx, com base e ao mesmo tempo em crítica à dialética idealista de Friedrich Hegel. Enquanto Hegel via a história como o desdobramento da ideia, Marx inverte essa lógica: para ele, não são as ideias que moldam a realidade material, mas sim as condições materiais de existência – a economia, o trabalho, os modos de produção – que determinam as ideias, as instituições e os sistemas políticos. A dialética, nesse sentido, é o movimento contraditório e contínuo da história, impulsionado pela luta de classes.

    Nesse contexto, podemos dialogar tal concepção filosófica sob a análise da precarização do trabalho nas plataformas digitais, como Uber ou iFood. Esses serviços, frequentemente associados à “economia do compartilhamento”, são, na verdade, manifestações contemporâneas das contradições do modo de produção capitalista. 

    Sob a ótica do materialismo histórico, a ascensão dessas plataformas não é um fenômeno tecnológico neutro ou espontâneo, mas uma resposta do capital à crise de valorização e à busca por formas mais flexíveis e baratas de exploração do trabalho. Os trabalhadores, chamados de “parceiros”, na verdade, não possuem autonomia real – não controlam os meios de produção (os aplicativos) e estão sujeitos às lógicas de acumulação do capital, como qualquer proletariado tradicional.

    A contradição entre capital e trabalho se intensifica nesse cenário: enquanto as empresas acumulam lucros, os trabalhadores enfrentam jornadas exaustivas, ausência de direitos trabalhistas e insegurança. A luta por direitos desses trabalhadores de aplicativo – com greves e mobilizações em vários países – é a expressão contemporânea da luta de classes, motor da história segundo Marx.

    Assim, o materialismo histórico dialético permite entender que, por trás de fenômenos aparentemente novos e tecnológicos, persistem estruturas de exploração e contradições que movem a história em direção à sua superação. A tecnologia muda, mas a essência das relações sociais de produção permanece condicionada pelas disputas entre classes antagônicas.


Sophia Ferro, 1º Ano - Direito (Noturno)

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