A
Falsa Polarização Brasileira
No atual panorama político
brasileiro, a aparente cisão entre uma extrema direita autoritária e uma
centro-esquerda moderada tem sido amplamente tratada como uma profunda
polarização ideológica. Todavia, sob a perspectiva marxista, tal antagonismo
revela-se ilusório, pois ambos os polos, a despeito de suas diferenças
discursivas, operam dentro dos marcos do sistema capitalista, competindo apenas
pela gerência do mesmo aparato de dominação. Trata-se, portanto, de uma falsa
polarização que oculta as contradições estruturais entre as classes.
Por um lado, a extrema direita
ressurge como instrumento de reação da burguesia diante do esgotamento de um
modelo de governabilidade baseado na conciliação de classes. Ao se valer de um
discurso moralista, autoritário e antissistêmico de fachada, esse campo
político impulsiona reformas ultraliberais que aprofundam a precarização do
trabalho, o desmonte do Estado social e a repressão aos movimentos populares.
Suas pautas identitárias reacionárias funcionam como cortinas de fumaça,
ocultando a intensificação da exploração capitalista. Por outro lado, a
centro-esquerda, embora se oponha a tais excessos, não propõe uma ruptura
estrutural com o sistema. Ao contrário, busca preservar a estabilidade por meio
de reformas moderadas e políticas de inclusão baseadas no consumo, sem jamais
enfrentar as bases da propriedade privada dos meios de produção ou o poder
hegemônico do capital financeiro. Dessa forma, ambos os polos, cada qual à sua
maneira, atuam como garantidores da continuidade da ordem burguesa, disputando
legitimidade dentro de um espectro político limitado e funcional ao capital.
Em meio a esse embate artificial, os grandes meios de comunicação desempenham papel central na alienação das massas. Ao promover uma cobertura seletiva, espetacularizada e pautada por interesses do capital, a mídia constrói narrativas que reforçam o antagonismo moral entre os polos políticos, ao passo que silencia ou minimiza questões estruturais como a concentração fundiária, o poder financeiro, a precarização do trabalho e a violência estatal. Assim, contribui decisivamente para a reprodução da falsa consciência e para o desvio da atenção coletiva em relação à luta de classes real.
Consequentemente, enquanto a população é capturada por dicotomias superficiais, os mecanismos de exploração seguem operando com eficácia. Para romper com essa lógica, é imperativo fomentar uma consciência de classe crítica, desmascarar as estratégias ideológicas da burguesia e impulsionar um projeto político revolucionário, ancorado na superação do capital e na emancipação do proletariado.
Felipe Bechelli Caldas - 1ºano matutino
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