Segundo o materialismo histórico dialético, a religião pode alienar – isto é, desviar o olhar das causas materiais da opressão e fazer com que as pessoas aceitem o sofrimento como algo divino ou inevitável. Mas, em certos contextos, ela também pode ser um instrumento de resistência. Um exemplo concreto disso é a Teologia da Libertação, surgida na América Latina, que usou os ensinamentos cristãos para criticar o capitalismo e engajar-se na luta pelos direitos dos pobres. Essa vertente mostra que a religião pode, sim, se alinhar com os interesses das classes exploradas, desafiando estruturas de dominação. Porém, ao mesmo tempo, a religião também está sendo utilizada para a manipulação de massas, por interesses econômicos e até mesmo políticos, como podemos ver em casos recentes de líderes religiosos defendendo partidos políticos em suas cerimônias ou pedindo dinheiro através de suas pregações.
Portanto, a religião pode tanto servir como ferramenta de opressão, reforçando desigualdades, como também ser uma força poderosa de mobilização e libertação. Pastores, líderes religiosos e comunidades de fé, ao tomarem consciência de seu papel social, podem decidir se alinhar às lutas populares, às causas justas e ao combate à exploração.
Atualmente, em tempos de crise econômica, desigualdade crescente e manipulação ideológica (inclusive com uso político da fé), refletir sobre o papel da religião na sociedade é mais importante do que nunca. A lente do materialismo histórico dialético nos convida a perguntar: a fé que se prega está servindo para libertar ou para conformar? Está questionando a injustiça ou justificando o status quo?
Diante dessa análise, fica evidente que a religião não é neutra: ela pode ser apropriada tanto para manter estruturas de poder quanto para subvertê-las. O materialismo histórico dialético nos oferece uma ferramenta crítica para compreender como a fé se insere nas dinâmicas sociais, econômicas e políticas, revelando que sua função depende do contexto e da consciência de seus agentes. Assim, torna-se urgente questionar o uso da religião no presente: ela está promovendo a emancipação dos oprimidos ou reforçando sua submissão? Cabe às lideranças religiosas e às comunidades de fé escolherem se querem ser cúmplices da dominação ou aliadas na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Matheus Nicolau Cremm de Sousa - 1º ano noturno
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