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segunda-feira, 5 de maio de 2025

A desigualdade social sob a ótica do materialismo histórico

A desigualdade social é um problema persistente nas sociedades contemporâneas, agravado pelas crises econômicas, pelo desemprego e pela concentração de renda. Para compreendê-la em sua complexidade, é fundamental adotar uma abordagem crítica que vá além das aparências imediatas. O marxismo, ao propor uma concepção materialista da história, oferece uma leitura profunda das origens e das permanências das desigualdades estruturais, ao destacar que os conflitos sociais decorrem, em última instância, das condições materiais e das relações de produção.

Segundo Karl Marx, a história da humanidade é a história da luta de classes. A sociologia marxista entende que as transformações sociais não ocorrem apenas por ideias ou valores, mas são impulsionadas pelas contradições econômicas entre classes sociais. Na sociedade capitalista, a divisão entre burguesia (detentora dos meios de produção) e proletariado (que vende sua força de trabalho) gera desigualdade estrutural, em que os interesses da classe dominante prevalecem sobre os da maioria. Essa perspectiva ajuda a explicar, por exemplo, como políticas públicas podem ser moldadas para manter privilégios e concentrar riquezas, mesmo em contextos democráticos.

Complementando essa visão estrutural, Pierre Bourdieu contribui ao mostrar que as desigualdades sociais não se reproduzem apenas pela economia, mas também por mecanismos simbólicos e culturais. Conceitos como “capital cultural” e “habitus” revelam como a dominação de classe se perpetua por meio da educação, da linguagem e do gosto, favorecendo os grupos já privilegiados. No Brasil, essa análise é útil para entender por que, mesmo com o acesso formal à escola, muitos jovens das periferias continuam excluídos de oportunidades reais de mobilidade social.

Portanto, a concepção materialista da história, proposta por Marx e enriquecida por teóricos como Bourdieu, continua sendo uma ferramenta poderosa para analisar e enfrentar a desigualdade social. Ao compreender que as relações econômicas, culturais e simbólicas estão na base dos fenômenos sociais, é possível pensar em alternativas que rompam com a lógica de reprodução das desigualdades e promovam uma sociedade mais justa. A superação dessas disparidades exige não apenas reformas pontuais, mas transformações profundas nas estruturas de poder, produção e cultura.

Jessyca Pacheco Almeida, primeiro semestre, direito matutino.

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