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segunda-feira, 5 de maio de 2025

A criminalização da maconha e o materialismo marxista

 

A luta da legalização da maconha é uma luta também contra o racismo. A teoria do idealismo de Hegel afirma que a realidade é uma projeção da ideia, nas palavras de Marx, defensor do materialismo, Hegel cometeu o seguinte erro: “Hegel caiu na ilusão de conceber o real como resultado do pensamento que se sintetiza em si, se aprofunda em si, e se move por si mesmo”, ou seja, para o materialismo marxista as ideias não vêm a priori pois é preciso primeiro olhar para a realidade, compreender ela como ela realmente é e não o que espera que ela seja.

Nesse sentido, ao olhar para a criminalização da maconha, percebe-se que no campo das ideias ela funciona, tendo em vista que é flexível em relação ao contexto e interpretação das autoridades, em tese, tornando nosso sistema mais justo ao observar cada caso com sua exclusividade. No entanto, é devido a essa flexibilização que surge o problema, já que, apesar do sistema judiciário garantir ser imparcial e a justiça ser “cega”, é inegável, ao se olhar para a realidade, que a interpretação da autoridade jurídica é influenciada pelos preconceitos que estão estruturados na sociedade brasileira. Em outras palavras, ao abrir margem para a subjetividade, os indivíduos mais marginalizados na sociedade, que são estereotipados, são generalizados por concepções preconceituosas e com isso são os que mais sofrem com esse tipo de criminalização.

Logo, o que se nota na realidade de fato é o caso de um policial encontrar um indivíduo negro com X gramas de maconha e interpretá-lo como traficante e um branco com 3X gramas ser interpretado como usuário, ou seja, levando o primeiro a julgamento e liberando o segundo. A título de exemplificação de nossa realidade, pode se citar a fala do ministro Alexandre de Moraes durante o julgamento sobre a descriminalização da maconha no STF “Branco precisa de 80% a mais de maconha que preto para ser considerado traficante”, levando ao questionamento de o que é o direito se não a institucionalização em forma de norma do interesse de um determinado grupo/classe social, ou seja, apenas um instrumento para a manutenção das classes dominantes do topo.

Matheus Góes Rosella - 1º ano de Direito (noturno)

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