Importantes nomes e teóricos da filosofia, Karl Marx e Friedrich Engels, foram responsáveis por desenvolver a tese sobre o materialismo histórico-dialético, a qual diz que as relações sociais – como a religião, arte, moral e ciência – não têm autonomia, mas são estabelecidas a partir do modo e relações de produção. Contrapondo, então, a filosofia idealista de Hegel com abordagem do “socialismo utópico”, dado que não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência.
Essas relações são encontradas no cotidiano e implicam na dinâmica da vida pessoal do indivíduo, como bem exemplificado no livro “a corrosão do caráter” de Richard Sennett. Pois, as demandas do trabalho de Enrico exigem excessivamente do tempo dele e que se adeque a constante mudança do mercado, trazendo instabilidade para a família porque não sabia como passar os valores que considerava ideais, por conta do seu estilo de vida no sistema capitalista:
“Na verdade, para esse casal moderno, o problema é exatamente o contrário: como podem eles evitar que as relações familiares sucumbam ao comportamento a curto prazo, ao espírito de reunião, e acima de tudo à fraqueza da lealdade e do compromisso mútuo que assinalam o moderno local de trabalho? Em lugar dos valores de camaleão da nova economia, a família — como Rico a vê — deve enfatizar, ao contrário, a obrigação formal, a confiança, o compromisso mútuo e o senso de objetivo. Todas essas são virtudes de longo prazo.”
Outra realidade que as relações de produção impactam diretamente é o contrato e forma de trabalho, visto que a CLT está em decadência por muitas empresas que não a utilizam mais. Desse modo, há o crescente número de trabalhos terceirizados sem a segurança de um bom contrato e o aumento de pessoas trabalhando em Uber e aplicativos de delivery, com a máscara do empreendedorismo e autonomia, mas a realidade é a precariedade do serviço e que essa muitas vezes é a única maneira de ter uma fonte de renda.
Portanto, conclui-se que a tese do materialismo histórico está é contemporânea e exerce influência não só no trabalho, mas também nas relações pessoais e fragilizadas dos indivíduos. Traz também a evidência de que o modelo econômico capitalista e a meritocracia são falhos, pois coloca em detrimento os direitos e estende a efemeridade das relações e do tempo.
Aline Nunes dos Santos RA: 231220693
1 ano - Direito noturno