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domingo, 15 de março de 2020

Diálogo entre Morin e Sonia

No filme "Ponto de mutação", dirigido por Bernt Capra, a personagem Sonia (Liv Ullmann) é uma "ex-física" e "ex-cientista" que deixou de trabalhar e produzir na sua área devido ao uso de suas descobertas na indústria bélica norte americana. Ao decorrer do longa metragem, essa personagem se depara com um candidato à presidência dos EUA (Jake Edwards) e um poeta Thomas Harriman em frente a um castelo francês medieval, de maneira que assim se inicie um diálogo peculiar. Nessa conversa, em determinado momento, a física critica o pensamento cartesiano como improdutivo e ineficiente perante ás atuais necessidades e conhecimentos humanos nos campos da ciência e do cotidiano, visto que a "mecanicidade" desse pensamento não consegue mais abordar as inter-relações do conhecimento científico e prático do mundo. 
Nessa perspectiva, o texto "Uma reforma do pensamento", de Edgar Morin, conversa profundamente em relação ao exposto por Sonia, dado que o sociólogo também questiona a separação e a especialização absoluta dos conhecimentos humanos e da natureza. Logo, tanto no filme, quanto no texto, evidencia-se a compreensão de que a ciência deve explorar e unificar os campos do saber em prol da melhor resolução dos problemas e das dúvidas, pois a abordagem mecânica e cartesiana do pensamento se tornou incapaz de atender a demanda humana por soluções mais efetivas. Prova disso é a explicação física e química de Sonia acerca de questões tangentes a política e à saúde, de maneira a demonstrar a inerente relação e possibilidade de diálogo entre as exatas e as humanidades, por exemplo. 
Por fim, as propostas de Morin sobre a "razão aberta" e o modelo "espiral" do conhecimento são demonstradas na conversação entre Sonia, Jake e Thomas a partir do momento em que a cientista expande os saberes matemáticos e físicos para exemplificar, desenvolver analogias e questionar compreensões acerca da ecologia e da política. Isso significa, primeiro, uma ruptura com a lógica clássica e especializada do conhecimento e, depois, um modo de misturar os saberes a ponto de se desenvolver questionamentos e soluções mais complexos e completos, de maneira a representar, respectivamente, a proposta de uma razão aberta e de um modelo de pensamento em espiral. 

João Cenamo Baldi de Freitas - 1º ano de direito diurno 
  

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