É
evidente que Descartes e Bacon contribuíram muito com seus novos métodos para
chegar ao conhecimento, porém, atualmente, praticamente 400 anos depois, essa
contribuição ainda permeia nossa realidade. Será que ainda devemos utilizá-la
em nosso dia a dia? Ainda é correto basear-se nela para compreender a situação
mundial contemporânea?
Nesse contexto, o filme adaptado do
livro “O Ponto de Mutação”, dirigido por Bernt Amadeus Capra, traz a tona uma
nova maneira de interpretar a ciência. A protagonista Sônia contesta os métodos
apresentados por René Descartes e Francis Bacon, causando um estranhamento às personagens
que contracenam com ela, Jack e Thomas. Inicia-se uma intensa discussão sobre o
assunto na qual Sônia defende que as ideias desses filósofos não mais se
aplicam à essa sociedade contemporânea e faz-se necessário o desenvolvimento de
uma nova maneira de analisar a ciência. Porém, em nenhum momento, sugere-se que
o trabalho de Descartes e Bacon estava errado ou que deveria ser tido como
irrelevante, mas sim que esses autores elaboraram suas teorias em uma época
diferente.
A ideia proposta por Sônia é de não
mais analisar os fatos separadamente, como propunha Descartes, e sim, analisar
tudo como um conjunto que se relaciona pois, tudo e todos estão interagindo
entre si por meio do movimento de partículas. Dessa maneira, devemos analisar
as situações que nos cercam como um sistema integrado e não dissecá-las e
analisar parte por parte.
Tratando das questões ambientais,
tem-se que, não devemos ver uma árvore como sendo apenas uma parte ínfima de
uma floresta e fragmentá-la em raiz, caule, folhas, flores e frutos, e sim
considerar que a mesma faz parte de um ecossistema. Dessa forma, qualquer ação exercida sobre essa
única árvore acarretará em consequências à toda comunidade local.
Paralelamente, pode-se citar as queimadas, tanto na Austrália quanto no Brasil.
Esse novo método de Sônia nos ajuda a entender como essas queimadas ocorridas
na Austrália e no Brasil afetam tanto o ecossistema local quanto acarretam
mudanças climáticas que podem ser sentidas no mundo todo. Assim, as florestas
devem ser consideradas como pertencentes à todos e não apenas ao país onde se
encontram, uma vez que sua destruição não afeta apenas uma única região, mas representa
uma questão ambiental mundial.
A incapacidade dos indivíduos de
perceberem que pequenas ações como o descarte de lixo em locais inadequados leva
ao crescimento da poluição ambiental corresponde a outro exemplo do impacto negativo
do método mecanicista presente no pensamento cartesiano sobre a sociedade
contemporânea. Esses indivíduos não levam em consideração a influência e a
interação de tudo e todos, fazendo com que muitas pessoas acreditem que a
atitude de coletar o lixo das ruas quando o encontram é inútil já que aquela
pequena atitude não ajudará à diminuir a poluição.
Com isso, torna-se necessário a
instalação desse novo método de Sônia nas escolas desde o princípio para
acabarmos com esse pensamento individualista que o método de Descartes acabou
nos trazendo, e para conscientizar todos os cidadãos de que pequenas atitudes
importam e que é de grão em grão que iremos conseguir solucionar, por exemplo,
os problemas ambientais mundiais. Tudo está relacionado, e tudo que fazemos
acarreta em consequências, positivas ou negativas, para outras pessoas e para o
próprio meio ambiente.
Júlia Martins Amaral - 1º ano - Direito Matutino
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