O Ponto de Mutação de Fritjof Capra aborda, dentre tantas outras coisas, a união das ciências a fim de obter melhores dados acerca da realidade. Dessa forma, entra-se em um tema abordado por Boaventura de Sousa Santos: a ecologia dos saberes. Esta consiste na aceitação de que não há uma ciência pura, que todas dependem uma da outra e que a interligação entre elas é essencial para uma melhor compreensão de mundo. Ela opõe-se ao método cartesiano que baseia-se no estudo isolado das ciências.
Infelizmente, o direito ainda é uma ciência que está presa em sua própria bolha. Até hoje, acredita-se que o direito possa ser estudado isoladamente. Entretanto, isso não é verdade e apenas contribui para manter o direito insensível e elitizado. As questões fora da constituição não são abordadas e esta é complexa, sendo assim, a maioria não tem pleno acesso aos seus direitos.
Atualmente, é possível dizer que a população relaciona o direito com duas palavras: elite e opressão. Por exemplo, não há conhecimento da constituição por parte das mulheres que são abusadas física e psicologicamente por seus parceiros. Elas sentem-se desamparadas pela lei e evitam buscar ajuda tanto por não terem conhecimento, como por acharem que não terão condições de pagar um advogado. Seguindo essa linha de raciocínio, é possível afirmar que uma ecologia de saberes constituiria no ato de tanto levar conhecimento para essas mulheres, quanto ouvir as experiências individuais delas e trazê-las para o âmbito do direito. Dessa forma, a área de atuação seria ampliada e a bolha estourada.
A ecologia dos saberes também pode ser aplicada no dia a dia e o uso dela contribuiria para uma melhor convivência. Nesse quesito, a utilização dela consistiria em aceitar experiências individuais mas também entender que elas não são universais. Seria unir a experiência com a ciência, a fim de expandir as ciências e torná-las menos elitistas.
Portanto, conclui-se que a ecologia dos saberes faz-se necessária na atualidade uma vez que o método cartesiano não funciona mais como deveria. Uma nova abordagem da ciência é essencial nesse mundo contemporâneo.
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