No período de
surgimento da Modernidade, René Descartes e Francis Bacon, ao lançarem seus
princípios e ideias, promoveram a ruptura de uma crença dogmática para uma
busca pela verdade e o surgimento de uma nova metodologia cientifica que
possibilitou grandes descobertas da humanidade, tal que haveria uma maior
credibilidade e rigor na ciência, até então, muito rígida e inconclusiva.
No qual, isto
possibilitou um progresso sem igual, se comparado aos séculos anteriores. Suas
ideias baseavam-se em analisar fenômenos de forma isolada, tal como olhar
somente para um compartimento daquele problema, a cada vez, e não para o todo,
o qual mostraria-se ineficiente futuramente.
Contudo todo método, em
algum momento chega em uma fase de esgotamento e renovação, tal que na
conjuntura hodierna os cientistas buscam por conciliar a utilização de novas
ferramentas com os alicerces racionais-empiristas lançados no século XVI.
O filme “O ponto de
mutação” de Bernt Capra busca debater e desconstruir essa ideia de
compartimentalização do conhecimento, visto que está imergindo uma corrente interdisciplinar
e que prega a necessidade de analisar os diversos antecedentes e perspectivas
diferentes para explicar aquele fenômeno de forma fidedigna, dada a fabilidade
da natureza humana. Desta forma, a cientista Sonia Hoffman é a personificação
da urgência de uma transformação metodológica da Ciência Moderna e de como
todos os meios são conectados como uma teia e dependentes entre si para a existência.
Um exemplo disto é a
questão urbanística brasileira dos grandes centros urbanos nos últimos 30 anos.
Se não houver uma análise profunda, que considere a questão histórica, desde o
período Imperial, a política e sua alternância de prioridades no poder, a
econômica dada a concentração de renda vigente, a social e étnica, o cientista
chegará a um resultado equivocado ou incompleto em seus estudos para explicar o
que está ocorrendo e a relação sistemática entre o meio urbano e sua dinâmica será insuficiente e, por conseguinte, não conseguirá propor
soluções as demandas que urgem socialmente.
Isto reflete-se também
na perspectiva jurídica, tal que o Direito, até então, era considerado para
alguns como não influenciável, etéreo e externo aos apelos humanos e demandas
sociais. As mudanças no pensamento humano demonstraram que era necessário
reformula-lo para os novos tempos e torna-lo mais inclusivo. Deste modo, não faltam situações disso, tais
como a abolição do sistema do Apartheid que segregava os negros, as conquistas
do movimento feminista, as demandas LGBTQ+ por seu reconhecimento, o direito de
índios e quilombolas a suas terras e sua cultura, dentre outros.
Portanto, fica constatado
que o paradigma cartesiano foi importante mas nos tempos atuais demonstra-se
insuficiente por diversos motivos. Nesse sentido, urge que os cientistas busquem
por uma forma de promover maior conexão entre os conhecimentos e que eles dialoguem
entre si, tal como um grande sistema com várias ramificações. Esta interconectividade gerará frentes de pesquisa nunca antes experimentadas
e permitirá um progresso cientifico da humanidade, que agirá pela prevenção de
algo e não na contenção dos danos atuais.
Carlos Augusto Polidoro da Silva
1º Direito - Matutino
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