A partir do século XVII, surge uma mudança na organização do método científico e nas relações pessoais, baseada no pensamento de separação e análise de Descartes. Contudo, atualmente, o cartesianismo é questionado quanto às limitações que o acompanham, precipuamente no que tange ao dilema da globalização, consumismo, mudanças políticas e crises ambientais. É sob esse impasse que o filme “Ponto de Mutação” elabora discussões e contradições existentes entre três personagens: uma cientista, um político e um poeta.
Primeiramente, a discussão do filme se baseia na contraposição do mecanicismo e da sustentabilidade. De fato, a perspectiva mecanicista defende uma visão separada da natureza, sem analisar as consequências de cada ação. Assim, o desmatamento é visto de forma individual, acarretando problemas irreparáveis no ecossistema e na interligação de toda uma biogeocenose. Torna-se imprescindível, logo, que essa perspectiva mecanicista seja substituída por um posicionamento ecológico, que avalie os efeitos em conjunto e pense no mundo de forma geral, sem separar os problemas.
Surge, então, um conceito no filme, que é a crise de percepção. É necessário, segundo a cientista Sônia, que os indivíduos mudem sua forma de ver o mundo, pensando nos problemas como um sistema, uma continuação, e que resolver apenas um fragmento não é suficiente para evitar um posterior colapso total.
Ademais, essa crise de percepção se expande até uma crise da ciência, que é utilizada amplamente sem a imposição de um pensamento ético. A crise é, portanto, o uso do conhecimento e da tecnociência para fins destrutivos, em que a preocupação é alcançar o progresso e não a melhoria das condições de vida. A ciência é indissociável às consequências provocadas pela mesma, mas os princípios morais e os efeitos futuros são insuficientemente considerados no processo científico.
Portanto, enquanto o cartesianismo defende a separação em etapas e analisa o mundo como um relógio, com peças que devem ser trocadas caso parem de funcionar; o pensamento ecológico analisa todas as questões como um sistema, pois estas estão sempre interligadas. Assim, a perspectiva ecológica permite uma nova análise do mundo, considerando todo o ecossistema.
Mariana Pereira Siqueira - 1° ano - Direito Diurno
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