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domingo, 15 de março de 2020

Dialética hegeliana entre Sonia Hoffman e Jack Edwards


    Inspirado pelo filósofo Mortimer J. Adler, proponho-me a realizar, segundo ele, o método de leitura sintópica. Neste método é necessário comparar ideias de dois autores sobre o mesmo assunto, para isso, portanto, realizarei uma espécie de abstração.
    Essa abstração fantasiosa consiste em substituir os personagens do filme “Ponto de Mutação” de Bernt Capra, por outros. Assim sendo, devido à proximidade de ideias, a personagem Sonia será substituída pelo filósofo Edgar Morin, o político Jack Edwards por René Descartes, e eu como intermediador deste debate substituirei o poeta Thomas Harriman. Essa fantasiosa conversa sobre a praia de um castelo medieval francês, será parafraseada dos livros “Por uma reforma do pensamento” e “Discurso do Método”, por fim, em uma espécie de dialética hegeliana, tentarei tirar ensinamentos dessa conversa, assim como o poeta do filme.
    René Descartes: “Repartir cada uma das dificuldades que eu analisasse em tantas parcelas quantas fossem possíveis e necessárias a fim de melhor soluciona-las” (DM, p.11)
    Edgar Morin: “O meio geofísico forma espontaneamente um ecossistema, ou seja, um fenômeno organizado. E esse fenômeno organizado tem, é claro, um certo número de propriedades que não se encontram nos elementos concebidos isoladamente” (p. 24). “O sistema, como já foi dito - o todo -, é mais que a soma das partes, isto é, no nível do todo organizado há emergências e qualidades que não existem no nível das partes quando são isoladas" (p. 28)
    Chego à conclusão, após a análise das obras dos dois filósofos correlacionados ao filme em questão, que ambos métodos parecem-me apresentar limitações. No aspecto do método cartesiano, ele não é mais capaz de analisar interdisciplinarmente os diferentes conhecimentos, o que acaba por ocasionar uma visão mais limitada de mundo, centrada em apenas uma área do saber. Um economista, sem conhecimento de filosofia e história pode acabar interpretando o mundo apenas com base em métodos econômicos. Assim como, um estudante da área de exatas pode ser induzido ao cientificismo, que por consequência pode gerar um empirismo extremo, abandonando a aliança entre filosofia e ciência. Os efeitos desse método são vários, como os já citados por Sonia no filme: destruição ecológica, desigualdade sociais e entre outros.
    Concomitantemente, a teoria dos sistemas parece-me uma teoria um tanto utópica, pois apresenta uma ideia muito generalista de conhecimento, o que pode ocasionar em perdas de detalhes. Tomemos como exemplo um profissional “faz tudo”, o sujeito pode conseguir produzir, consertar e instalar várias coisas, entretanto, há processos que somente um mecânico, encanador e pedreiro conseguira fazer. O mesmo se estende para áreas do conhecimento cientifico, pois somos atormentados pelo passar do tempo e perenidade da vida, não é possível inter-relacionar e apreender totalmente todas as áreas do conhecimento.
    Diante desse cenário, concluo que não se trata de escolher entre um método que vise a separabilidade ou inseparabilidade, mas sim de promover uma dialética hegeliana entre os dois, tentando mesmo que complexo superar as limitações de cada método. Para isso é necessário tentar ao máximo promover a interdisciplinaridade na produção do conhecimento, e adentrando, conforme o necessário, nas particularidades que cada área do conhecimento necessita.

Otávio Eloy de Oliveira - 1º ano de Direito - Noturno

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