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segunda-feira, 27 de julho de 2020

Um protagonismo positivista

  A análise de um mundo tomado por ideais lentamente forjados na fúria intempestiva e dinamismo trágico revela-se em vários âmbitos incapaz de conciliar aspectos ambíguos e traços incoerentes com a essência humana. Essa, lentamente diluída em meio à confusão de avanços irracionais e coercitivos, perde-se do progresso e abandona a ordem, escamoteada pela frágil e rasa visão de um mundo destinado à consumação de um perfeito e coeso sistema. Tal visão se difunde em seu voo ágil, de fácil crença e lógica significação, dando às coisas classificações obtusas, ávida pelo avanço, indiferente à reflexão crítica e à aceitação de um cerne inalcançável. 
  O contemporâneo revela, ao descerrar de suas cortinas, um protagonismo de ideais positivistas, deixando-se conduzir pelas facilidades de uma interpretação frágil, facilmente deposta sob o aspecto mais humano e crítico. É assim que se observam problemáticas engendradas em um racionalismo que deturpa e desumaniza, mesmo em contextos que pedem pela ética e pela paciência, virtudes que não parecem contemplar as ideias difundidas atualmente. O desrespeito a medidas de segurança e a exaltação de estudos científicos rasos, bem como de ideais ainda mais perturbadores, demonstra total banalização da solidariedade e da profundidade que devem nortear quaisquer buscas empreendidas pelo homem. Esse, admitindo tais concepções, limita-se a falsos princípios que não bastam para observar e explicar o mundo, como se recusasse mergulhar no entendimento ao servir-se da facilidade dessa doutrina. Observar o aqui e o agora leva naturalmente a erros categóricos, sobretudo quando se abandona a história e só se pensa nas medidas mais imediatas que levarão ao progresso. 
Idealizado por Comte, o positivismo mostra diversas falhas na busca de um mundo mais justo e ético, ao pensar um ideal civilizatório e um contexto científico que se recusa a imergir para solucionar os problemas desde o seu cerne. No entanto, tais ideais se veem constantemente no meio atual, seja no alcance quase ilimitado da internet ou nas ações mais concretas realizadas socialmente, partindo das lideranças políticas, que em um contexto de pandemia se deixam levar pela trivialidade do método.         
  Tal contexto gera consequências graves, trazendo a segregação e desumanização a seres cada vez mais distantes, reduzidos a números que vão diminuindo em mortes insignificantes, sem comover ou gerar a empatia, sem promover quaisquer outras medidas éticas e humanas de pensar o mundo, senão reduzido a um ínfimo progresso que nos vai matando dia a dia, na constante desumanização por tanto tempo quanto durar o protagonismo de seus caminhos rasos e sua fulcral desordem.
Lucas Rodrigues Moreira – Primeiro Semestre – Matutino


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