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segunda-feira, 27 de julho de 2020

O Positivismo Segundo as Más Línguas


O Positivismo Segundo as Más Línguas

Em meados do século XIX, precisamente no ano de 1848, Auguste Comte publicou a obra: “Discurso Sobre o Espírito Positivo”. Nesta, o autor discorre sobre a Ideia de uma “Física Social”, uma linha filosófica que propunha descobrir e entender quais são as leis imutáveis que regem a sociedade. Para compreender essa ideia, é necessário que, primeiro, captemos quais são as bases de sua fundamentação, sendo estas, a “estática”, a “dinâmica” e a “solidariedade”, assim definidas pelo autor.
A “estática” consistia na “moral”, um conjunto de normas e condutas necessárias para estabelecer a “ordem”, o funcionamento adequado e coeso da sociedade. A “ordem”, por sua vez, seria o elemento fundamental para se alcançar a “dinâmica”, entendida pelo progresso material, tecnológico e cientifico desta sociedade. Por fim, temos a “solidariedade”, que também pode ser enquadrada como um aspecto dessa “moral”, pois, propunha uma ideia, intrínseca ao ser, de cumprimento de seus deveres sociais, laborais  e morais, em detrimento de suas ambições e aspirações pessoais; visando, assim, o desenvolvimento da humanidade.
Entendidos esses conceitos, posso, agora, contextualizar tal linha filosófica no nosso atual momento histórico e, por conseguinte, mostrar como essa se mantem forte no viés político de nosso país. Parto, deste modo, de um texto chamado “Mentiras Gays”, do Olavo de Carvalho”, um pseudointelectual que é visto como uma espécie de “guru” para o atual governo. Neste texto, Olavo discorre sobre o conceito da “solidariedade”, implícita no conteúdo da obra. O autor argumenta que os homossexuais estariam gerando uma subversão no aspecto moral da sociedade ao colocarem sua relação homoafetiva, não geradora de descendentes, à frente da instituição familiar clássica (um dos pilares fundamentais  da “moral” e necessário para a manutenção da “ordem”, expressas por Comte) e, desta forma, estariam agindo em prol de individualismos, em detrimento da estabilidade da ordem e do desenvolvimento da humanidade, ou seja, o progresso.
Desta maneira, esse posicionamento defende, direta e indiretamente, o fim dos direitos sociais das comunidades minoritárias (como a LGBT, por exemplo), embasado no fato de que se a constituição prevê a igualdade política entre os indivíduos, não há necessidade de leis e direitos exclusivos para grupos seletos. Assim, fica clara a presença do cientificismo positivista, que não busca entender a essência e fazer uma análise profunda das questões sociais, mas sim observa-las com um olhar superficial e meramente funcional, na “filosofia olaviana”.
E, por fim, como mencionei anteriormente, essa “filosofia olavina” serve de base epistemológica para o atual governo federal, presidido por Jair Bolsonaro e, portanto, pelo seu cientificismo raso, apresenta uma ameaça não só aos direitos sociais, bem como aos direitos humanos de modo geral. Por esse motivo, essa atual crescente adesão da extrema direita à tal filosofia não deve ser subestimada.

Thales Goulart                              1Ano                       Direito - Diurno

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