Justiça com as próprias mãos. Esse é o
mais antigo e tradicional modo de se fazer justiça presente na humanidade. Esse
tipo de justiça, movido por um sentimento pessoal, aliado ao ódio, a pretensão
e a indignação, é realizada de forma bruta, sem procedimento judiciário legal e
desrespeitando de forma exorbitante os direitos fundamentais dos cidadãos. Entretanto,
é um desejo presente na grande maioria dos seres humanos, o desejo de se “dar o
troco” em outrem que lhe fez mal, devido a inconformidade e a desconfiança em
relação ao direito restitutivo e ao sistema judicial brasileiro.
O filme “Código de Conduta”, de Gary Gray, é um grande
exemplo vingança com as próprias mãos. No filme, Clyde
Shelton (Gerard Butler) é um dedicado pai de família que testemunha o
assassinato de sua esposa e filha. Um dos culpados pelo crime pega uma pena de
apenas 5 anos graças a um acordo costurado pelo promotor Nick Rice (Jamie
Foxx), que acredita que é melhor ter alguma justiça do que a chance de não
obter alguma. Dez anos depois, o assassino é encontrado morto. Mesmo sem ter
provas suficientes contra si, Clyde é preso pelo ocorrido. Seu grande objetivo
é denunciar a incoerência do sistema judicial, que permite que assassinos sejam
libertados ou obtenham penas brandas, nem que para tanto precise eliminar todos
os envolvidos.
A famosa descrença pelo direito
restitutivo, reside no fato de que, embora na teoria seja o melhor tipo de
punição, que respeita os direitos humanos e que restitui a pessoa à sociedade de modo
consciente, na prática, trata-se de um sistema com extremas falhas e
contradições. A população carcerária brasileira sofre maus tratos e são tratados
sem o mínimo de dignidade. Os presídios brasileiros são considerados depósitos humanos
devido ao excesso de lotação. O grande problema do sistema carcerário brasileiro
é a presença maçante de drogas e armas, além da “lei do mais forte”, que impera
dentro dos presídios, o que leva a formação de gangues que subordinam os outros
presos e controlam o crime de dentro da prisão. O problema do sistema carcerário
brasileiro é a sua falência e sua falta de restituição, fato que promove a
descrença no direito restitutivo e enaltece a justiça com as próprias mãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário