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domingo, 16 de setembro de 2012

A vingança na atualidade.


A vingança é um tema recorrente nos livros, filmes, séries e novelas de sucesso desde que se tem conhecimento destas mídias. Mas porque há tamanho êxito nestas histórias que envolvem a vingança (que geralmente está ligada a tragédias) se o trágico geralmente é repreendido e afastado pelos instintos humanos?

Parece haver, se não um incentivo, ao menos uma complacência à atitude de vingança, de fazer com que o outro sofra o que é sofrido por nós. Este sentimento não é atual, como prova o primeiro código de leis de que se tem notícia, o Código de Hamurabi. Já na antiga Mesopotâmia, o Código ditava o princípio do “olho por olho, dente por dente” em artigos como o 127 : “Se alguém "apontar o dedo" (enganar) a irmã de um deus ou a esposa de outro alguém e não puder provar o que disse, esta pessoa deve ser levada frente aos juízes e sua sobrancelha deverá ser marcada”.

Tais fatos levam-nos a crer que o sentimento de vingança está intrínseco à natureza humana, fazendo parte da solidariedade mecânica, diria Durkheim. Já pensando na solidariedade orgânica da sociedade moderna, atualmente, a vingança é, de certa forma, buscada através do sistema judiciário.

Se uma pessoa mata a outra, não é a família da vítima quem deve processar criminalmente o assassino, mas sim o Ministério Público. Cabe ao Estado investigar, julgar e punir aquele que causa dano ao próximo, não é mais função da vítima e seus familiares fazer justiça com as próprias mão.

O sistema judiciário, entretanto, não é perfeito, muito pelo contrário, ele é um sistema falível. Caso a polícia não consiga encontrar provas suficientes para condenar um suspeito de um crime, por exemplo, tal suspeito pode sair impune dos crimes cometidos. Nesses casos nos deparamos com a questão “Alguma justiça é melhor do que nenhuma?”.

Não é raro ocorrer que essa justiça seja feita por de baixo dos panos. Quantas vezes, assistindo ao noticiário, nos deparamos com notícias do tipo “bandidos são mortos em confronto com policiais”? Muitas pessoas ficam aliviadas ao imaginar que, num sistema judiciário e prisional tão falho quanto o brasileiro, seria melhor que tais bandidos acabem mortos do que circulando novamente nas ruas em torno de quatro ou cinco anos.

Para que essa realidade se altere, faz-se necessária uma enorme mudança; mudança de valores em uma sociedade que afirma que “bandido bom é bandido morto” e mudança de políticas públicas onde a justiça por vezes erra e o sistema prisional é falho praticamente em sua totalidade.

Estas mudanças, entretanto, são interdependentes. É preciso que a sociedade mude sua forma de pensar para exigir um sistema mais eficiente e é preciso que o sistema melhore para que a sociedade confie nele e não deseje mais a morte aos bandidos. 

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