Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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sexta-feira, 30 de março de 2012
O que Bacon não previu.
quarta-feira, 28 de março de 2012
Descartes e seu legado histórico
A despeito de tantas inovações, não podemos deixar de citar alguns possíveis pontos falhos da obra. René busca provar a existência de Deus afirmando que nada pode surgir do nada, mas então como que Deus teria surgido? Além do que, ele profere que um ser imperfeito não poderia originar um ser perfeito, no entanto a Teoria Endossimbiótica afirma que seres mais simples se agruparam para formar seres mais complexos. Em outras palavras, a Endossimbiose postula que algumas organelas das células eucariontes, cloroplastos e mitocôndrias, foram formadas a partir de um procarionte autótrofo que viveu em um organismo unicelular. Baseado nisso, então, o "menos" poderia ser a causa do "mais".
Em síntese, o Discurso sobre o Método é uma obra fabulosa em decorrência do aspecto inovador em uma sociedade que ainda vivia embaixo da sombra da ignorância e desinformação, não que a atual seja totalmente informatizada e tecnológica, porém a propagação de ciência e conhecimento é muito maior que na época de Descartes. Por outro lado, René, homem como outro qualquer, era passível de erros. Sua obra não foi capaz de revelar todas as verdades, e nem deveria ser, mas foi um grande impulso para que o mundo moderno buscasse conhecimentos mais sólidos.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Novo discurso da novidade
Sobre Bacon, natureza e consumo
Qual a utilidade de Francis Bacon?
NECESSIDADE PÓS-BACONIANA
Mas e hoje?
Conhecimento e prática
O conhecimento produzido deve apresentar alguma utilidade na prática. No âmbito das ciências naturais e exatas é mais fácil perceber a aplicação prática do conhecimento produzido. Ele está em um manejo melhor do solo, na maior produtividade de um cultivo ou ainda na descoberta de um novo medicamento. Já nas ciências humanas o conhecimento produzido pode e deve ser aplicado á transformação da realidade, mas principalmente na transformação do homem. As descobertas históricas dos hábitos e costumes dos povos de outrora revelam mais sobre a natureza dos homens. Os estudos da sociologia possibilitam ao homem o aprimoramento de suas leis e organizações.
A história já provou ao homem o quanto de atraso e estagnação o uso do conhecimento numa perspectiva restrita causou. Isto ocorreu na Idade Média quando a Igreja católica deteve a maioria das obras da antiguidade clássica no interior de seus mosteiros. O acesso á essa produção posteriormente despertou o homem para um novo momento: o Renascimento. Nesse momento foram gerados inúmeros avanços, mesmo com a produção da antiguidade restrita á uma pequena parcela da sociedade.
Posteriormente, no século XVII, momento de preocupação com a ciência, o homem vinculou mais a modificação da natureza á produção científica. Após esse período essa combinação só se intensificou, acelerando ainda mais a transformação do mundo de acordo com as vontades e necessidades exclusivas dos homens. E estes hoje encaram as consequências da excessiva modificação do planeta. Até que ponto o domínio sobre o natural, pregado por Francis Bacon, é condizente com a manutenção da vida no planeta? No ritmo que a humanidade caminha, em poucos séculos os problemas serão de dimensões tão grandes que a vida, inclusive do homem, estará por um fio e não haverá mais a natureza que serviu de objeto aos estudos dos homens.
Entre os modernos, um Bacon.
Reflexões: uma necessidade para o desenvolvimento humano
Contribuições Nulas?
A partir da ascensão da burguesia, quando o progresso se torna fundamental à humanidade, cientistas e pensadores deixam de buscar o conhecimento de uma maneira contemplativa apenas e passam a buscá-lo com a finalidade de servir ao Homem, trazendo o tão sonhado progresso.
Com o avanço do domínio burguês na Europa e, posteriormente, no resto do mundo, as ciências foram se desenvolvendo e servindo cada vez mais ao capitalismo, essa nova ordem mundial que foi sendo consolidada, culminando com a invenção da máquina a vapor e consequente Revolução Industrial.
Contudo, se essa “revolução” trouxe progresso no sentido de conhecimento, agilidade de produção e consumo massificado, por outro lado significou um retrocesso para as pessoas que não eram donas dos meios de produção, denominadas de proletariado – expressão que se refere à reprodução da prole, ou melhor, mão de obra, única função social dessa nova classe, além de claro, trabalhar arduamente. Isso porque havia jornadas exaustivas de 14 horas para os homens e 12 para mulheres e crianças, além das precárias condições de trabalho, graças às quais muitos meninos e meninas tiveram seus membros amputados. O trabalho era desumano e o Homem, pouco a pouco, foi se reificando.
Após a supracitada revolução, Ford torna o trabalho especializado e o proletário, cada vez mais, vai se tornando apenas uma máquina. E pior, caso fosse despedido, nada poderia fazer, pois sabia apenas cumprir determinada função e seria improvável encontrar outro emprego, não restando chances de se rebelar contra essa escravidão a ele imposta.
E cada vez mais, o proletário foi sendo explorado e se tornando alienado, não se identificando com aquilo que produz e não podendo se rebelar, tanto por sua especialização quanto pelo exército de reserva capitalista. Ou seja, a ciência moderna, que supostamente serviria para o bem comum, acabou transformando o Homem em escravo do trabalho e das classes dominantes.
Resta agora buscar meios para que os futuros proletários do país, os jovens, criem uma consciência de classe e possam buscar condições melhores para suas vidas, sem se deixar tornar escravos do trabalho, atingindo, aí sim o progresso, dessa vez não em prol de uma classe dominante, mas de toda humanidade.
Somente assim a afirmação de que “o trabalho enobrece o homem” será verdadeira, e não apenas mais uma frase da ideologia imposta a todos nós.
"Chega a hora então de provar tudo que existe"
Até o ínicio do século XVII a filosofia era conhecida como a ciência da reflexão, incapaz de produzir algo concreto. Platão e Aristóteles construíam a dialética, com suas precauções tardias que nada modificavam de fato a sociedade, e serviam mais para explicar os erros do que buscar uma verdade concreta.
Em 1620 é publicado o livro "Novum organum", de Francis Bacon, propondo um novo método, contrário a filosofia conhecida até então. Para Bacon, a verdadeira filosofia só seria alcançada através da fusão da razão com a experiência; as duas juntas, em equilíbrio, formariam os pilares para o novo método.
Talvez se pensarmos mais a fundo sobre a teoria de Bacon consigamos aproximá-la aos dias de hoje, considerando que há muitos Aristotélicos e poucos Baconianos na sociedade. O que não faltam são discursos bonitos e revolucionários que se dizem capazes de mudar o mundo, mas que não se movem ao menos para melhorar as condições da própria família. Nike, apple e outras marcas não podem faltar no dia a dia da maioria de nossos revolucionários.
A realidade é que há muita fala e pouca ação. Nesse ponto Bacon tinha total razão ao dizer que não faz sentido refletir sem construir algo concreto. O discurso desprovido da ação é um mero discurso, incapaz de modificar algo significante para a sociedade.
Da Experiência à Ciência
A incoerência de Bacon na atualidade
Nessa obra ele explica a importância de desvendar os mistérios da natureza, para assim dominá-la e usá-la em benefício da sociedade. Considerando isso mais importante que a própria vitória no campo da argumentação. Busca, portanto, uma utilidade prática da ciência, criticando os gregos que, apesar de sua filosofia amplamente desenvolvida, não levou a nenhuma ação.
Na época de Bacon, tal pensamento era adequado, afinal a I Revolução Industrial estava às vésperas de acontecer e os intelectuais só visavam um maior progresso e tecnologia, sem enxergar o outro lado. O lado da natureza que a partir daí sofreria agressões cada vez maiores chegando a uma situação irreversível e extremamente danosa para a humanidade.
É clara, portanto, a incoerência dos ideais baconianos nos dias de hoje, já que a preocupação com o meio ambiente só vem aumentando em contraste com a ideia de utilizar a natureza de modo "descartável", num processo de consumo desenfreado. Há ainda, muito a ser feito, muitas ideias e hábitos a serem mudados, mas não há lugar para tais conceitos na atualidade..
Não é correto ignorar todas as ideias de Bacon baseando-se nisso, obviamente muitas de suas teorias são importantes para a atualidade, como por exemplo o "Novo Método", no qual mostra a importância da ação perante ao mero exercício da mente, numa clareza científica que se opõe à fantasia. Assim sendo, é necessário saber avaliar quais conceitos ainda são aplicáveis na e quais não se encaixam no contexto da sociedade contemporânea, pois Bacon, sem dúvida, foi um grande filósofo, porém muitas de suas ideias são antiquadas para os novos tempos.
Doce Pensamento, Salgada Alma
Principalmente após a Segunda Revolução Industrial, o mundo se viu em completa mudança, seja esta social, econômica ou cultural. Com o advento da energia elétrica e de muitos outros aparatos industriais desenvolvimentistas, as fábricas nunca mais pararam de soltar fumaça e os operários se acostumaram com a especialização de apenas uma função específica. Adentra-se, portanto, em um mundo pantagruelicamente influenciado pela ciência.
Desse modo, pode-se pensar opositória “dialética” baconiana, na qual a ciência é um puro instrumento complementar. Bacon potencializa o conhecimento e o seu método fazendo uma difícil combinação entre ciência e intelecto. Este, entretanto, é limitado pela mera incapacidade da “lógica atual” e aquela é inútil para a incrementação de novas obras e novos conceitos. Assim, é possível uma analogia atual, na qual o homem utiliza-se de conhecimentos e teorias impressionantes para construir bombas atômicas, porém, não as utilizam de modo inteligente, racional.
Além disso, a forma como Bacon compara a mente humana e os sentidos com a natureza é desafiadora e inquietante, mas tal comparação não é equivocada, já que a última é, segundo ele, a mais elevada. Tomando ainda como exemplo as bombas atômicas, especificamente as que foram jogadas em Hiroshima e Nagasaki, percebe-se a notável recuperação da natureza – indubitavelmente com a ajuda do homem – frente ao intelecto e ao sentido humano.
Não obstante, Novum Organum revela-se predominantemente crítico, com pontos de vista que, de um modo ou de outro, provocam reflexões até os dias atuais. Isso se nota através de concepções atuais de que a ciência, por exemplo, não revela novas descobertas, sendo estas corretas ou não. Assim, é possível chegar a um raciocínio que não bastam apenas teorias ou modernidades científicas, mas também aparatos que possibilitem um maior desenvolvimento. É o caso das tecnologias atuais, que facilitam a vida dos indivíduos, bem como notebooks, ipads, internet, GPS(Global Positioning System) etc.
Por fim, denota-se do texto de Bacon que nem sempre a ciência é a dona do universo, porque os alicerces e as bases se fazem igualmente importantes. Logo, a natureza é como um bolo, na qual todos os ingredientes estão inseridos e, portanto, o mais importante lá se encontra inserido. De modo contrário, a ciência é apenas a cereja, detalhe que nem sempre se faz imprescindível.
A ingratidão de Bacon
Bacon e a união de dois caminhos.
Bacon, sabor e fome.
O avanço científico baseado na filosofia e na experiência
O Conhecimento na atualidade
A contribuição de Bacon
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domingo, 25 de março de 2012
O “Instauratio Magna” de Bacon
Francis Bacon escreveu sua obra “Novum Organum” no contexto da crise do século XVI. Esta criou a necessidade de novos métodos práticos da ciência para a resolução dos problemas enfrentados, como a fome e a peste negra - daí surge a elaboração do "novo método" pensado por Bacon, que surgiria como apoio na resolução da crise.
O novo método consistia na revogação da filosofia grega tradicional, pois o autor julgava que esta não possuía alguma aplicabilidade prática, uma vez que a principal função da ciência seria garantir o bem comum, e a filosofia não o fazia. Assim, pregava que a sociedade deveria ir além dos mecanismos utilizados pela filosofia para buscar o conhecimento, sem nunca se satisfazer com esse, pois sempre há o que descobrir. Principalmente, pregava ir além do método cartesiano, aliando a razão característica dele à experiência, por julgar que a primeira ainda poderia se equivocar.
Tal novo método foi batizado por Bacon como o plano "Instauratio Magna". Apesar de não ter se concretizado por completo, ascendeu como um importante fator no fundamento da ciência moderna e também do Direito, por ter instituído a exigência de provas concretas na avaliação da veracidade dos fatos.
Outro aspecto transcendente da obra de Bacon é a concepção de "saber é poder", que surge com o autor, e tem crescido ao longo do tempo. É um dos principais fatos sociais que regem a sociedade contemporânea, uma vez que vemos o nível de conhecimento científico cada vez mais avançado, e quem o domina atinge as posições mais elevadas dentro de sua área. Também há o considerável aumento no investimento em pesquisa científica como prova da importância de tal concepção.
Em suma, o Novum Organum de Bacon, mesmo não tendo se realizado por inteiro, consistiu em uma das inovações mais importantes da época, se impondo contra a falta de obras práticas da filosofia e construindo a verdadeira base para as ciências atuais.
O autor acreditava que o conhecimento deveria produzir bens úteis e clareza no pensar. Isso tornou-se um novo método que conseguiu erguer-se parcialmente no mundo atual.
O efeito de sua obra será dividido em duas partes. Uma que mantém-se firme e outra que não perdurou no mundo contemporâneo.
A primeira está pautada no pilar "saber igual a poder" e que fica muito evidente no contexto das relações bélicas e técnico-científicas do mundo moderno. Exemplos de dominações entre Estados e incremento do poder político-econômico são consequências muitas vezes diretas do avanço do conhecimento e saber nas ciências exatas, humanas e biológicas.
A segunda, que não parece atuar no palco das relações modernas, encontrava-se no método de como efetuar a linha de pensamento. Segundo Bacon, deveria-se ignorar os ídolos tipificados em sua obra e despir-se de raízes culturais, religiosas, fantasiosas, etc. Prova-se estar morta pelo número infinito de litígios e conflitos com embasamento religioso, cultural e muitas vezes de fundo racista e preconceituoso. Infelizmente a alavanca criada por Bacon para desenvolver e melhorar nossos sentidos no plano racional carece de adeptos.
Francis Bacon ainda é um metafísico.
O pensamento de Francis Bacon, exposto em seu livro “Novum Organum”, propõe que seja elaborado um novo método científico pautado na experiência. Pois Bacon acredita que a ciência tem de ser útil ao homem ao invés da concepção grega que toma a ciência, muitas vezes, como uma mera atividade para o desenvolvimento do intelecto. Deste modo, um leitor pouco atento, acreditaria que Bacon é um autor extremamente racional e crítico da metafísica clássica. Porém podemos tomar Bacon como um assassino da metafísica e influenciador direto do raciocínio que a ciência atual utiliza?
É certo que Bacon, rompe bastante com a metafísica grega ao longo de sua obra. Mostrando que a lógica aristotélica está muito mais próxima de ser considerada um tipo de arte do que ciência propriamente dita. E por isso ele é considerado o pai do empirismo. Todavia não podemos esquecer de resaltar que ele ainda é um filosofo metafísico. E, portanto, seu novo método ainda esta um pouco distante do da ciência contemporânea.
Isto ocorre, pois por mais que Bacon passe a sensação, ao longo de sua obra, de que seu método é o correspondente a “verdade” (ao “real”). Ele se esquece de que a sua concepção de “verdade” é ainda aquela bastante metafísica que fora dada pelos filósofos gregos. Pois seu novo método científico voltado para a experiência, utiliza a causalidade.
E graças à percepção do filosofo David Hume, a concepção de causalidade é transformada em uma crença que não, necessariamente, é lógica. Além disso, segundo Rudolf Carnap, enunciados como “real”, “verdadeiro” e “Deus”, muito utilizados no “Novum Organum” pertencem à classe de palavras sem sentido, isto é, palavras que carecem de ligação com quaisquer características empíricas. O que aproxima Bacon ainda mais da metafísica.
A busca pelo perfeito
Contrariedade Tão Antiga quanto o pensamento
Apesar do momento de grande desenvolvimento cientifico em que nos encontramos, tais questões tão antigas quanto o próprio pensamento ainda nos rondam, colocando em perspectiva o nosso real conhecimento.