Um grande momento de medo e incertezas passou a assolar todo o mundo nos últimos meses; o surgimento de uma pandemia que alcançou escalas globais afetou toda a uma população que mostrou não estar preparada para passar por situações emergenciais. O Sars-CoV-2, causador do Covid-19, pegou o mundo de surpresa, inclusive aqueles países com alto poder aquisitivo, ao ter um alto poder de contaminação, se espalhando rapidamente pelos mais diversos lugares. Entretanto, o que poderia se tornar uma união para que houvesse uma melhora social e sanitária e mudasse toda a grave situação de saúde no mundo, tornou-se, na verdade, uma grande guerra política recheada de informações falsas e negacionismos que têm tomado conta de declarações de representantes de países pelo planeta.
Nos últimos meses, a sociedade foi posta em uma posição muito contrária àquela pregada no mundo capitalista, a posição da parada das atividades econômicas, como o fechamento de comércios, por exemplo, para um objetivo comum: a prevenção da propagação desse novo tipo de coronavírus. As pessoas se viram em uma nova forma de viver que é a quarentena defendida na maior parte dos países do mundo. Contudo, a quarentena expôs problemas sociais muito antigos e que não tinham a devida atenção por parte dos governantes: o que seria feito com os cidadãos mais pobres que não conseguiriam se sustentar (pessoas que já tinham problemas econômicos antes da crise, mas que não eram verdadeiramente amparadas); foi feito, assim, planos econômicos de ajuda financeira às pessoas mais necessitadas neste momento, sendo até o início de uma esperança para que ao termino da crise, as pessoas que precisem continuem sendo vistas por toda a população.
O negacionismo, por parte de bastantes governantes, ainda se faz muito presente em diversos discursos. O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, afirmou que os países que optaram pelo isolamento estão passando por uma “psicose” e que isso está afetando as suas economias e ainda ironizou a doença dizendo que o tratamento poderia ser feito com “vodca e sauna”, ou seja, ele se apresenta como um presidente contrário ao isolamento social e manteve os trabalhos pelo país. Essa negação ocorre também no Brasil, que o presidente da república Jair Bolsonaro se apresenta contrário à quarentena e demonstra o seu desejo pela volta das atividades econômicas, como os trabalhos, principalmente e também ironiza o vírus, considerando-o apenas como uma “gripezinha” ou “resfriadinho”.
Além
do presidente do Brasil defender em discursos o fim da quarentena, ele
claramente induz ao fim dela, já que constantemente está causando aglomerações por onde passa, descumprindo as orientações de seu ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta –que foi demitido após um longo conflito de divergências políticas no tratamento e contingenciamento do problema-. O presidente, inclusive participou de uma manifestação no último domingo, dia 19/04, com uma grande aglomeração (algo completamente contrário às determinações da Organização Mundial da Saúde) que defendia a volta ao trabalho, pois a quarentena afetará a economia do País, mas também defendia a intervenção militar, como exposto por diversos cartazes segurados por manifestantes.
O ato do chefe do executivo brasileiro se tornou uma grande
demonstração de irresponsabilidade e despreparo, porque induziu que
muitos desrespeitassem a quarentena e ficassem próximos nas ruas proferindo ataques à democracia.
Essa manifestação, além de se figurar uma ação criminosa à nossa democracia, também foi uma infração ao artigo 268 do código penal brasileiro que deixa claro que a infração a determinações do poder público (que já havia sido determinado pelo supremo Tribunal federal que eram responsáveis o governo do estado e as prefeituras municipais) destinadas a impedir propagação de doença contagiosa seria crime e são determinadas punições.
A economia dos países já está mostrando claros sinais de instabilidade, como nos Estados Unidos, o atual epicentro da doença com mais de quarenta mil mortes registradas, que chegou, no dia 20/04, a ter barris de petróleo sendo vendidos a valores negativos pela primeira vez na história, mas, mesmo assim, a decisão de saída da quarentena
deve ser muito bem pensada e ter o aval dos especialistas, porque
considerar a economia mais importante que a saúde da população é nefasto e esquece que uma crise de saúde pública também vai gerar uma crise econômica. Milão é um exemplo de lugar que o prefeito não quis a quarentena por motivos econômicos e acabou tendo um desastre em questão de saúde pública com muitas mortes e tendo o próprio prefeito de ir a público fazer um pedido de desculpas sobre a campanha defendida por ele “Milão não para” e voltar atrás na decisão, passando a defender a quarentena.
Portanto, é importante
sempre deixar claro que a ciência na modernidade não deve se basear no
senso comum e que apesar de não haver uma verdade absoluta, é necessário que sempre a posição a ser levada em conta é a dos especialistas no assunto e que o negacionismo sobre esse vírus é apenas mais uma negação à ciência e uma tentativa de tornar “achismos” em certezas. É claro para todos que a economia será afetada de alguma forma, mas o mais preciso agora é preservar vidas.
Uma economia, com empenho, pode se recuperar, já uma vida perdida não; fiquem em casa!
Cesar Henrique Santana de Oliveira - 1º ano de Direito – Noturno - UNESP
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