A ciência é o meio pelo qual
explicamos as questões da humanidade de maneira racional, com base no método científico.
Mas hoje vivemos uma onda de questionamento aos conhecimentos, previsões, dados
e análises gerados pelo meio científico. O questionamento e a recusa em aceitar
a ciência por parte da população são completamente legítimos. No entanto esse
comportamento deve ser desestimulado e combatido.
O principal motivo para não proibir de qualquer forma o
pensamento anticientífico é que avançar sobre a liberdade de expressão é
extremamente perigoso e abre caminho para o cerceamento de diversos pontos de
vista de acordo com a visão do governante.
No entanto não é possível aceitar que políticas públicas
se baseiem nessas linhas de pensamento, porque o Estado tem o dever de proteger
a população e de fornecer serviços de qualidade à mesma. Do mesmo modo ele deve
atuar como contraponto a esses discursos de modo a impedir sua disseminação por
meio da propagação de conhecimento.
Um bom exemplo é a propagação de ideias contra a
vacinação. Todos temos o direito de acreditar que não se deve tomar as vacinas
e de não tomá-las, mas o Estado e os meios de comunicação tem o dever de
desmentir esse discurso e propagar o conhecimento baseado em fatos empíricos,
de modo a ficar a livre critério da população acreditar e aderir ou não.
Este caso, no entanto, difere da postura esperada para o
combate ao coronavírus, onde é dever do Estado restringir a circulação e
impedir que a população execute o anticientífico de livre circulação, mesmo que
parte dela acredite que não há riscos. Este caso difere do anterior porque
executar o discurso mentiroso afeta a sociedade como um todo e não só o
indivíduo, exigindo então a ação do Estado para impedir que a sociedade se
prejudique por conta de decisões individuais.
A conclusão é de que se deve combater o discurso, mas não
proibir que as pessoas tenham ou externem suas
opiniões, por mais absurdas que sejam, sendo, no entanto, necessário que se
proíba a execução das ações propostas por esses discursos nos casos em que elas
prejudiquem o conjunto da sociedade e não só o executor da ação, observando sempre
a necessidade de apresentar à população os riscos dessas ideias e o seu
respectivo contraponto.
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