A condenação à morte do filósofo Sócrates e a perseguição
dos trabalhos acerca do modelo heliocêntrico de Galileu Galilei pelo Santo
Ofício demonstram que, desde a antiguidade, a ciência é vítima de represálias.
Nos tempos hodiernos, fatores como a temeridade a realidade e a demasiada
produção de conhecimento, colaboram para que a negação a ciência ainda seja uma
realidade brasileira. Tal problemática necessita de um olhar crítico da
sociedade.
Antes de tudo, a temeridade a realidade consiste no fato de
um indivíduo negar a verdade buscando a manutenção de seus interesses. Este
fenômeno é descrito por Platão em sua alegoria da caverna. Nesta, o indivíduo
se liberta das amarras das sombras, e toma conhecimento da verdade, entretanto,
ao tentar expor sua descoberta para seus companheiros, estes visando a
manutenção de seus interesses o matam. De forma análoga, durante a crise do
Covid-19, parte da sociedade busca a permanência da ignorância, já que para
certos setores, negar a existência da pandemia é mais conveniente do que
combatê-la.
Outrossim, diante da enxurrada de informações de carácter
específico apresentadas diariamente a sociedade, as massas não conseguem
realizar uma análise crítica dos fatos, criando assim, uma ciência elitizada,
em que somente os indivíduos com um conhecimento acadêmico prévio podem
compreender na totalidade. Dessa forma, o meio científico convencional se
distancia da maioria da população, assim, abrindo espaço para que teorias
conspiratórias e fake news, que apresentam um discurso mais compatível como
senso comum, ganhem um grande número de adeptos.
Portanto, conclui-se que o contemporâneo combate a ciência
tem como causas tanto individualismo humano, que por conta de sua ganância
busca a perpetuação de seus interesses mesmo em detrimento da verdade quanto o
próprio abandono de grande parte da população, que diante de uma ciência
restrita e incompreensível, procura em outros meios o entendimento da
realidade. Em vista disso, as mesmas amarras das sombras descritas por Platão,
ainda fazem de muitos vítimas da ignorância.
Luiz Miguel Morais Navarro - Direito Matutino 1.ºAno
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