Nas últimas décadas a medicina
vem se especializando cada vez mais, a tecnologia tem beneficiado a ciência e
seus pesquisadores, permitindo que possamos compreender melhor o mundo em que
vivemos, as dificuldades que ele apresenta e que sejamos capazes de
enfrenta-las sem grandes prejuízos. Entretanto, junto ao crescimento do
conhecimento, grandes movimentos negacionistas ganham ascensão, duvidando de fatos
pesquisados e comprovados, muitas vezes por ceticismo, em outros momentos por
uma ideologia que abrange o sistema de ideias de certa classe social e legitima
os interesses da mesma.
Entre eles o movimento antivacina,
inicialmente conspirado por um médico britânico que acabou por estar associado
a advogados que queriam lucrar em processos contra empresas de vacina, ou a
teoria terraplanista, que deixou de ser uma crença para tornar-se uma
ideologia. Ideologicamente falando, esta renuncia consensos históricos e o racionalismo para construir
uma dinâmica benéfica para quem a induz. Não surpreende que no governo
Bolsonaro, o qual teve sua candidatura apoiada pelos ruralistas, dados matemáticos
de satélites que indicam o aumento das queimadas na Amazônia sejam negados e
chefes de institutos nacionais de pesquisa demitidos após posicionarem-se contra
o presidente na questão, afinal isso dificulta a expansão de fronteiras agrícolas
e impede o crescimento de poder e do famoso capital. É o terraplanismo
ambiental tomando conta.
Mais recentemente, o mundo vem
enfrentando a pandemia do covid-19, doença ocasionada por um novo vírus e que
tem causado certa confusão por onde passa. Países por todo o globo têm seguido
as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), no geral, evitar
aglomerações e lavar bem as mãos, mas a preocupação em determinados locais tem
ido além da doença. É comum que dúvidas sobre a economia do país surjam neste
momento, afinal, muitos trabalhadores, a engrenagem do sistema econômico,
encontram-se em quarentena, certificando-se de que o vírus de grande
transmissão tenha seu ciclo interrompido. No Brasil, o próprio chefe de Estado
tem feito campanhas contra o isolamento social, disseminando a mensagem de que
a doença não passa de uma “gripezinha”, que a imprensa e seus oponentes têm inflado
as estatísticas para causar pânico à população e, por fim, tem incentivado
passeatas e, mesmo suspeito de estar com a doença, tem comparecido em público
para cumprimentar apoiadores. Enquanto o número de contaminados no país cresce
todos os dias, o presidente parece aplicar um terraplanismo em prol da
economia, sem se importar, porém, se a população está sendo infectada e morrendo.
Dessa forma, se analisarmos a
situação, é o capital que encontraremos como condutor, agindo destrutivamente,
mesmo que custe vidas. A pandemia tem colocado à prova governantes, suas capacidades
de lidar com crises e controlar sua população ou, no pior cenário da falta de
aptidão, guia-la para um negacionismo suicida. É necessário avaliar até qual
momento é saudável confrontar a ciência e quando a sede de se provar e
articular seu poder torna-se irresponsável. As crises abrem e fecham muitas
portas, talvez seja hora de identificar pequenos líderes, para que num futuro próximo
possamos saber escolher aqueles que saberão lidar com a economia sem sacrificar
sua nação em troca.
Amanda Pereira Ramos - 1º ano -
Direito (matutino)
Tema: Evolução do pensamento
científico moderno e o atual contexto político-social global marcado pela
pandemia de covid-19
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