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segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Metamorfose Ambulante à luz da ação social

Max Weber, ao construir seu pensamento na obra Economia e Sociedade, postula uma visão um tanto quanto diferente da construída por Durkheim e Marx: Weber propõe, na análise do objeto sociológico, um distanciamento de uma perspectiva geral da sociedade e focalização no indivíduo como integrante da sociedade; isto é, Max estabelece um olhar sociológico focado no indivíduos e nas suas ações, não na sociedade em geral, que nas perspectivas filosóficas de Marx e Durkheim sobressaía sobre os seus integrantes.
Nessa ótica de valorização do indivíduo (individualismo sociológico) na análise sociológica, o sociólogo alemão expõe o contexto de ação social, que se consiste numa ação do indivíduo que exprime algum aspecto da sociedade –valores, hábitos, culturas, sentimentalidade, paixões, etc. Em primeiro plano, nota-se que, para Weber, a função primordial da Sociologia é compreender o sentido dessa ação. Dessa forma, o autor busca a compreensão de todo o cenário envolvido na ação social.
À luz dessa tese, o pensador compreende que a perspectiva individual e as suas peculiaridades devem ser levadas em conta mesmo quando se analisa fenômenos coletivos e/ou públicos, como o Estado e família, por exemplo. Nesse sentido, pode-se elucidar a supremacia da esfera individual à esfera da sociedade quando Weber atribui tais entes como representações de perspectivas individuais, que se encontram no interior de cada indivíduo e que orientam tais fenômenos.
No panorama da ação social, Weber afirma certa autonomia do indivíduo em relação às ações sociais. Tal relatividade pauta-se no principio de que, não obstante exista uma influência do meio social para a construção da ação individual, percebe-se que o indivíduo utiliza de um juízo de valor para a decisão da ação; isto é, o indivíduo pondera e seleciona, entre os possíveis valores existentes (influência do meio externo), os que se relacionam com sua visão pessoal: fusão da perspectiva individual com a coletiva.
Max Weber ainda postula uma negação ao materialismo histórico e à ideia determinista da ciência, uma vez que não é ofício da Sociologia impor normas e leis obrigatórias que regem a sociedade. Weber expressa que as leis constituem-se em meios, não em fins na análise sociológica. Assim, tal crítica ao dogmatismo sociológico relaciona-se com o “pluricausalismo” proposto pelo sociológico: os fenômenos sociais são construídos, juntamente com a perspectiva individual, por várias causas, não somente econômicas, como previa Marx.
Correlacionando-se o ideal de ação social de Weber, pode-se estabelecer que o eu-lírico presente na canção Metamorfose Ambulante assume uma perspectiva de revolução interior. Nessa toada, o indivíduo, ao partir do pressuposto de prefere “ser essa metamorfose ambulante/Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, conota uma ação social: ponderando e escolhendo valores já existentes, ele busca uma mudança interna das suas concepções e visões. Dessa forma, a modificação interna do eu-lírico corresponde tanto a fusão de fenômenos individuais quanto públicos, além de expressar um aspecto da sociedade, que é a mudança dos valores.


Autor: Luiz Henrique Garbellini Filho (1º ano - Diurno)

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