Para Weber, a análise sociológica deve
ser pautada pela neutralidade do cientista, o qual não deve emitir juízo de
valor acerca da realidade estudada. Neste aspecto, o pensamento dele
assemelha-se ao de Durkheim. Contudo, a análise durkheimiana enfoca a
prevalência do todo social sobre os indivíduos, isto é, a sociedade engendra os
seres sociais. Opostamente, a análise weberiana ressalta a importância de considerarem-se,
no processo de compreensão da realidade, as múltiplas perspectivas dos
indivíduos.
Ao privilegiar a diversidade de
perspectivas individuais, o pensamento de Weber também se afasta do marxista.
Na verdade, é mais correto dizer que a análise sociológica weberiana transcende
a proposta materialista de Marx, visto que não se refere somente às relações de
produção, ao aspecto econômico, à dominação capitalista como eixos de
interpretação dos fenômenos sociais. O crime, por exemplo, não pode ser
explicado apenas pela exploração econômica do homem pelo homem, pelas
contradições do sistema capitalista, mas também por múltiplos fatores
associados ao indivíduo, como os seus valores éticos, morais, religiosos,
culturais.
Outro exemplo que corrobora com a
fundamentação weberiana é a análise da questão da interrupção intencional da
gravidez em inúmeras sociedades modernas. Ora, caso fossem relevantes apenas os
aspectos mercadológicos, não haveria discussão quanto à
legalidade do aborto, pois este seria encarado como mais uma possibilidade de
negócio. Todavia, considerando-se outras perspectivas, dentre elas, a
religiosa, não se vislumbra, em curto prazo, um consenso acerca da legalização
irrestrita das interrupções de gestação.
Em suma, pode-se afirmar que a sociedade,
para Max Weber, não se impõe coercitivamente aos humanos, mas, ao contrário, é
determinada por eles em suas infinitas possibilidades de ações e relações
sociais, o que configura a superação da dialética unicamente materialista.
Marcos Paulo Freire
Direito Noturno
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