Considerado o pai do empirismo moderno, o filósofo britânico Francis Bacon foi o preceptor do método racionalista experimental. Seu projeto filosófico foi desenvolvido no contexto do Renascimento, época caracterizada pela ruptura com a cultura escolástica e com a visão teocêntrica da Idade Média. No livro "Novum Organum" ou "Novo Instrumento", Bacon propõe um rompimento com as bases científicas vigentes até então, através da criação de mecanismos destinados a regular o intelecto humano, processo denominado "cura da mente".
A principal crítica do pensador se direciona à inutilidade da filosofia grega tradicional, mais especificamente à aristotélica que, segundo ele, praticava a ciência por mero exercício da mente e em nada auxiliava na vida do homem. Além disso, rejeitava o conhecimento puramente racional, proveniente da convicção e do labor da mente, visto que prezava pelo saber originário da experiência sensível. Para explicar as falhas da "indução estéril" de Aristóteles, Bacon cria a teoria dos "ídolos", falsas percepções de mundo que seriam responsáveis por bloquear o intelecto humano. Segundo ele, os sentidos do ser humano são pouco sensíveis, incompetentes e influenciáveis, portanto, seria necessário criar novos instrumentos para ignorar as "paixões" e as coisas abstratas, considerando apenas o ato concreto na construção do conhecimento.
Um fato interessante citado por Francis, que pode ser aplicado na sociedade atual, é o da propensão que a mente humana tem em aceitar uma convicção e torná-la inviolável, ignorando tudo aquilo que for contrário a ela. Nosso intelecto se inclina a acreditar naquilo que prefere, e isso é prejudicial, pois abre caminho para a criação de dogmas e ideais extremistas. Um exemplo contemporâneo é o do posicionamento político da população brasileira: tanto a esquerda quanto a direita se recusam em relativizar suas ideias, tornando o diálogo praticamente impossível, o que dificulta o surgimento de um projeto político forte e coeso. A maioria se agarra no senso comum, não se interessa por adquirir um conhecimento profundo e tudo passa a ser uma luta inútil, que nada tem a acrescentar ao panorama de crise política que o Brasil tem enfrentado.
São inúmeras as contribuições da teoria de Bacon na atualidade, visto que toda a ciência moderna se baseia em experimentos e induções que visam melhorar a vida do homem e a sociedade em que ele está inserido. Descobrir a origem dos fenômenos naturais e entendê-los, para aplicar as descobertas em prol do bem estar do ser humano, era, para o filósofo, a principal finalidade da ciência. A razão necessita da experiência como seu guia na construção do conhecimento. O intelecto (saber) e as mãos (ação) devem caminhar juntos, para que a ciência contribua verdadeiramente para o crescimento da humanidade.
Thainara Righeto - 1º ano Direito Matutino.
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