Neste terraço mediocremente confortável,
bebemos cerveja e olhamos o mar.
Sabemos que nada nos acontecerá.
O edifício é sólido e o mundo também.
Sabemos que cada edifício abriga mil corpos
labutando em mil compartimentos iguais.
Às vezes, alguns se inserem fatigados no elevador
e vêm cá em cima respirar a brisa do oceano,
o que é privilégio dos edifícios.
Certamente, se houvesse um cruzador louco,
fundeado na baía em frente da cidade,
a vida seria incerta... improvável...
Mas nas águas tranquilas só há marinheiros fiéis.
Como a esquadra é cordial!
Podemos beber honradamente nossa cerveja!
(“Privilégio do Mar” de Carlos
Drummond de Andrade, In: Sentimento do
Mundo)
Pai do Funcionalismo e um dos fundadores
da Sociologia moderna, Émile Durkheim desenvolve abordagem deveras técnica e
precisa do ordenamento social. Em busca da definição e consolidação do estudo
do desenvolvimento social como ciência pura, cria o método da observação do
fato social como uma coisa, permitindo rigor científico como só o visto em
Comte.
Seguindo este caminho, observa que a
sociedade existe por relações de solidariedade, essenciais ou acessórias, e que
essa coesão social seria necessária para o bom andamento da vida em
coletividade. A anomia, definida como o colapso da normatividade
pré-estabelecida, seria evitada por instituições firmes e inquestionáveis, como
o Direito. Por fim, não deveríamos julgar o método da coesão social a ser
atingida, apenas primar por suas existência, em qualquer âmbito, a qualquer
momento.
Há tempos de mar agitado, há tempos de
calmaria. E os edifícios sempre sólidos, assim como o mundo...
Eduardo Matheus Ferreira Lopes, Direito diurno.
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