Segundo a teoria weberiana, somos
hoje todos protestantes ascéticos, no sentido de que obedecemos a um ethos da racionalidade capitalista. A
racionalidade chegou a todos os setores da vida moderna e com um significado robusto
e atraente, o de prosperidade. Combinou muito bem com o capitalismo moderno e propiciou
seu desenvolvimento da forma explosiva como este se deu.
Podemos notar os reflexos desse espírito,
na sociedade atual, na ânsia das pessoas pelo enriquecimento, pelo acúmulo sem barreiras.
Não se trata mais, porém, de um acúmulo tão racional quanto aquele notado nas idéias
de Franklin. É um acúmulo sem motivação de cunho religioso, visando à retidão, à
compensação divina. Trata-se de uma ética, sim, no sentido de que impõe sanções
perceptíveis aos transviados, mas uma ética baseada num status social hipócrita, na necessidade de parecer bom aos olhos da
sociedade, segundo estereótipos doentios que essa mesma sociedade prega. .
Os
best-sellers de auto-ajuda confirmam esse espírito cada vez mais irracional,
ironicamente advindo do racionalismo
capitalista. São verdadeiros manuais de como devemos agir para sermos felizes, prósperos,
milionários, legais, influentes, para termos um bom relacionamento, para encontrarmos
um bom emprego... etc. O alto índice de vendas revela o quanto as pessoas foram
envolvidas pelo espírito racionalista do desenvolvimento, a ponto de terem
perdido seu próprio espírito crítico, tornando-se irracionais em muitas das
coisas que fazem. São infelizes e não conseguem encontrar o motivo ou chegar à
solução de seus problemas.
Os
estereótipos doentios que criamos são sintomas da irracionalidade crítica, da
falta de bom senso, que nos impede de sair desse ethos capitalista, racional apenas no sentido contábil, científico,
jurídico e de conduta, de padronização de condutas baseadas nas “boas práticas”
dos estereótipos.
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