É possível identificar entre as pessoas a influência de dois modos de encarar a vida. Um deles é o modo baseado em tradições, superstições e dogmas, que acompanha a humanidade desde muito antes da Idade Média deixar a Europa e que, seus resquícios de existência ainda ecoam pelo mundo. Outro tipo é aquele influenciado pela racionalidade burguesa, que permeia as relações humanas contemporâneas de poder, ordem, justiça, trabalho etc.
A ética calvinista que originou a racionalidade burguesa de hoje, inverteu conceitos humanos em relação às tradições. Um cidadão ocidental antes vivia influenciado pelos desmandos da Igreja Católica, hoje o fator influenciador se despersonifica, perde o caráter de instituição religiosa, mas possui ainda mais eficácia nos termos de seu domínio. Capitalismo. Essa palavra dá nome a algo que de início se apropriou da ética protestante e que está em constante mutação, englobando para a ceara de seu domínio qualquer tipo de movimento de oposição.
A racionalização de vários segmentos da vida é um exemplo de como é mantida a dinâmica capitalista. Uma vez que o burguês e seu empregado possuem a mesma ética já assimilada universalmente, ambos estão sujeitos aos efeitos da racionalização. A ciência que é utilizada tanto pelo burguês como pelo empregado, passou por um processo de racionalização. Os investimentos que foram massivamente feitos em pesquisas no campo científico, por exemplo, vieram de alguém que tinha interesse na exploração da patente dos remédios envolvidos na cura de determinada doença.
O Direito também está incluído nesse jogo que possui dois lados. O positivo pois traz o aperfeiçoamento de tecnologias e inovações em diversos campos. E o lado nefasto relacionado com a exclusão de boa parte das pessoas que estão distantes desses recursos. O papel do Direito está em dar garantias de exploração a empresas que desenvolvem determinada tecnologia. Ele da condições de exploração com exclusividade para aqueles que investiram.
É possível identificar que no Capitalismo há a utilização de meios jurídicos para a defesa da própria ética capitalista. O Direito assume em várias situações a característica de arma em defesa do interesse burguês. Por mais desigual que essa dinâmica possa parecer, há consentimento social pois, se algum dia alguém que antes era excluído da posição de riqueza e prestigio mudar seu status quo, essa pessoa se utilizará dos mesmos recursos jurídicos para proteger o capital conquistado, mostrando os valores racionais que se desprenderam do protestantismo e que hoje estão arraigado em todos.
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